domingo, 28 de janeiro de 2007

MAÇONARIA sem segredos





Os segredos da Maçonaria & Maçonaria sem segredos

A CERTIDÃO DE NASCIMENTO DA MAÇONARIA
02 de fevereiro de 1356

A maçonaria surgiu durante a Idade Média na Europa, quando a poderosa Igreja Católica proibia reuniões de pessoas que pudessem questionar ou colocar em risco seu domínio. Assim, para fugir dos inquisidores católicos, grupos da iniciante classe média (intelectuais, artesões e comerciantes) formaram uma espécie de associação secreta, a Maçonaria, que visava à busca da verdade através da razão e da ciência e não apenas através da fé.
Essa associação muito se baseou na organização dos pedreiros quando da construção do Templo de Salomão, no atual estado de Israel, onde trabalharam 153.000 operários. Para organizar um empreendimento desse porte, numa época que nem o papel era utilizado, criou-se uma metodologia simples e funcional: para fins de remuneração e obediência os pedreiros foram divididos em três classes: Aprendiz, Companheiro e Mestre. Cada classe tinha um conjunto de códigos e sinais secretos para que se reconhecessem entre si. E, para não ocorrer tumultos ou brigas, freqüentemente havia reuniões onde os Mestres conscientizavam a importância do respeito mútuo e ajuda ao próximo para que aquele empreendimento pudesse chegar ao fim. Daí vem à relação dos maçons com pedreiros e do uso de alguns símbolos relacionados com essa atividade profissional (Maçom em francês significa pedreiro).
A simbologia maçônica possui uma linguagem lógica e complexa, utilizando desde símbolos com figuras geométricas a sinais, toques de mão e palavras especiais.
Um dos poucos símbolos conhecidos pelos não-maçons é o triângulo, que representa DEUS, ou como é mais conhecido pelos Maçons, o GRANDE ARQUITETO DO UNIVERSO.
Para se falar na Origem Documentada da Maçonaria, foi preciso fazer um giro pelos arraiais da Maçonaria Mística. E depois demonstrar que até o ano 1000, o que servia de proteção, como Casa e Lar do homem – era a Madeira. E que a profissão que predominava e sobressaia, era a de Carpinteiro e Marceneiro. Tanto era verdade, que as primitivas Organizações – as Guildas – eram compostas de homens que praticavam essas duas Antigas Profissões Com o advento das Construções de Pedras e Alvenarias, começou a florescer e a destacar-se outra profissão – a dos Canteiros, Entalhadores. Isso começou a acontecer a partir do século XII. Grandes quantidades de guerreiros, seguiram na Primeira Cruzada, rumo à Cidade Santa de Jerusalém, que estavam nas mãos dos Sarracenos, dos Infiéis. Nas Estradas precárias da Europa, grupos de Salteadores e Bandoleiros cresciam em número e em audácia. As Propriedades do começo do 1º século do 2º milênio eram atacadas por hordas de famintos e estrangeiros. Daí a necessidade de se erguerem muralhas, fortalezas para proteger os Burgos e seus proprietários, famílias e servos.
O Cristianismo estava em pleno progresso. Povos e mais povos eram catequizados pelos Soldados de Cristo – isto é, Bispo de grandes capacidades de catequeses. E a Igreja ao receber Reis e a Nobreza, em suas fileiras, passou a contar, também, com uma ajuda financeira muito grande de seus novos Fiéis. E com dinheiro se faz muitas coisas. Então aqueles feios amontoados de madeira sujeito ao fogo e aos raios e outros fenômenos da natureza começaram a dar lugar às Grandes Catedrais de Pedras. Entre os anos de 1.100 e 1300, milhares de Igrejas, Catedrais, Mosteiros, conventos, etc, foram erguidos na Europa.
E para dar conta de tanto Trabalho, uma leva de homens foi se especializando na arte de Construir. Uma Arte Antiga, mas pouco divulgada. E essa leva de Profissionais de Pedra, precisava se organizar. Precisavam de um Estatuto. Precisavam de um espaço só seu. Foi então que Doze Freemasons – Maçons livres (Pedreiros especializados em trabalhar na Pedra Bruta e depois Poli-la), liderados por Henry Yevele (este nasceu em 1320 e morreu no ano de 1400) – foram até à Prefeitura de Londres, levando um esboço de um Estatuto do Trabalhador da Pedra e, numa audiência com o Alderman (Prefeito) e os Edis, apresentaram seu esboço de Estatuto, onde previa, além da obediência às autoridades locais, também previa uma fidelidade ao Rei e à Religião Vigente, e, ainda, um pedido para que suas reuniões fossem fechadas, sem a presença de pessoas que não estivessem ligadas a ela. Esses 12 homens saíram do local onde estava a Igreja, Antiga Guilda, – a Guildhall -, no dia 2 de fevereiro de 1356. É bom repetir – dois de fevereiro de 1356. Aqui está o Berço, o Dia, o Mês e o Ano do Nascimento da Maçonaria (documentada). Este Documento que se encontra ainda hoje, na Biblioteca da Prefeitura de Londres, levará a glória e terá o privilégio de ser o Documento Maçônico mais Antigo.
Essa Sociedade dos Maçons (The Fellowship os Masons), durou, ou prevaleceu sozinha durante 20 anos – até 1376, quando foi fundada a Companhia dos Maçons de Londres.
Daí por diante, eles passaram a trabalhar segundo um próprio Código. E muitos outros foram surgindo, formando o que chamamos de Old Charges, ou Constituições Góticas.
Na próxima edição: Os segredos da Maçonaria & Maçonaria sem segredos.

FRANCISCO CÂNDIDO perfil completo


PERFIL CÂNDIDO
O jornalista cearense Francisco Cândido está em Roraima há 22 anos. Escolheu este Estado para viver e trabalhar, e tem demonstrado em seu afã um cidadão de boa índole e participado ativamente na conjuntura sócio-educacional de Boa Vista.
Tem grau superior em Educação Física pela Universidade do Amazonas e é Bacharel em Comunicação Social pela Universidade Federal do Estado de Roraima, e ex-acadêmico de História na mesma Universidade. Dentre outros cursos, possui o de Técnico em Contabilidade, Técnico em Transações Imobiliária e Técnico em Assuntos Educacionais.
Depois de servir ao Exército como Oficial, ingressou na Radiobrás – Empresa Brasileira de Radiodifusão, veio assumir em Boa Vista a direção da Rádio Nacional AM e FM, do sistema RADIOBRÁS, empresa federal onde ele já havia exercido o cargo de gerente das emissoras: Rádio Nacional de São Gabriel da Cachoeira e Rádio Nacional de Tabatinga, ambas no Estado do Amazonas.
Na condição de 2º Tenente serviu no 24º Batalhão de Caçadores, no Maranhão e no 1º Batalhão de Engenharia de Construção, na cidade de São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas. Recebeu diversas comendas e medalhas, inclusive a da Defesa Civil, emitida pela Colômbia.
Da Marinha Brasileira, através do 4º Distrito Naval, foi agraciado com o título de ´´Amigo da Marinha``, pelos bons serviços prestados àquela unidade militar. Bem como recebeu título idêntico da Polícia Militar do Estado de Roraima.
Recebeu também diversos diplomas de Destaques do Ano, tanto de Prefeituras como também de Câmaras Municipais e de entidades civis nos municípios onde trabalhou.
Em Boa Vista, além de haver exercido os cargos de diretor da Rádio Nacional, da Rádio Difusora e diretor administrativo da Rádio Roraima, é atualmente locutor/Apresentador de um programa musical informativo de grande audiência.
Também trabalhou na gerência de apoio das Centrais Elétricas de Roraima-CER; no 4º Distrito Policial como escrivão de Polícia, e na INFRAERO em Boa Vista.
Foi Secretário de Turismo e Técnico em Assuntos Educacionais na Prefeitura Municipal de Boa Vista.
Na Câmara Municipal iniciou suas atividades ainda no ano de 1987, quando essa funcionava na Avenida Jaime Brasil. Trabalhou na Técnica Legislativa e no Cerimonial, e vem colaborando com os Vereadores na elaboração de Projetos e Indicações, o que lhe rende elogios pelo trabalho e dedicação.
Como Agente de Proteção à Infância e Juventude, está há 14 anos no Juizado do Menor, onde recebeu recentemente, através do Diário Oficial do Poder Judiciário, menção honrosa e elogios por parte da Meritíssima Juíza Doutora Graciete Soto Maior.
Na área da Educação, é professor federal. Ministrou aulas de Educação Física nas escolas: 31 de Março, Dom José Nepote, Nova Canaã e América Sarmento Ribeiro. Está há 06 anos na Escola Ulysses Guimarães, onde, no período noturno, ensina Geografia e História de Roraima.
Escreveu livros abordando os meios de comunicações em Roraima e a história da Imprensa Oficial deste Estado.
Palestrante sobre temas ligados à Rádio e Televisão, já fez diversas apresentações nas escolas e em cursos específicos.
Pesquisador sobre a história de Roraima, tem publicado semanalmente no jornal Folha de Boa Vista o quadro ´Minha Rua Fala``, bem como na Rádio Roraima, onde aborda a biografia de um personagem que denomina uma rua em Boa Vista. Por esse trabalho vem continuamente recebendo elogios dos leitores e ouvintes.
Na Assembléia Legislativa, como jornalista, recentemente escreveu sobre a biografia política de vários deputados estaduais para publicação na Internet, onde os dados podem ser acessados na página daquele Poder Legislativo.
Na Maçonaria é Mestre Maçom no Grau 29, e é o Secretário na Loja maçônica Sentinela de Paracaima nº 4, e é também Oficial e Grande Secretário de Relações Públicas e Publicidades da Grande Loja Maçônica de Roraima, que por sua vez, jurisdiciona 11 Lojas nos municípios deste Estado.
Aliada à essas atividades, ele é professor na Escola Ulisses Guimarães, no Bairro Silvio Botelho; radialista na Rádio Difusora Roraima, onde apresenta um programa aos sábados das 11h às 12h, e escreve uma coluna às sextas-feiras no Jornal Folha de Boa Vista, à página 11, com o título “Minha Rua Fala”. No período de 2005 -2006, foi diretor do Departamento de Comunicação Social da Câmara Municipal de Boa Vista, junto à presidência do vereador José Reinaldo Pereira da Silva (eleito deputado estadual). O jornalista Francisco Cândido foi agraciado pela Câmara Municipal de Boa Vista com o Título de “Cidadão Boa-Vistense”.
Telefone: 9963 – 8570 e 3626 - 0566

ECONOMIA DO ESTADO DE RORAIMA

RORAIMA


Roraima é um dos 09 (Nove) estados brasileiros que compõem a Amazônia Brasileira, que se estende para os estados: Amazonas, Acre, Rondônia, Pará, Amapá, Tocantins, Maranhão e Mato Grosso.
É o estado brasileiro localizado na porção mais setentrional do país, aproximadamente, 75% de sua extensão geográfica fica acima da Linha do Equador, portanto no Hemisfério Norte, é nessa região que fica localizado o ponto extremo norte do Brasil, a nascente do Rio Uailã localizado no Monte Caburaí dentro do Parque Nacional do Monte Roraima.
Informações Gerais

Extensão Geográfica: 225.116 Km2
População: 247.223 Hab. IBGE 1996
Capital: Boa Vista
Municípios: 15
Limites de Fronteiras:
Norte - Venezuela e Guiana
Sul - Amazonas e Pará
Leste - Guiana
Oeste - Amazonas e Venezuela
Principais Rios
Branco, rio Tacutu, rio Uraricoera, rio Maú, rio Cotingo, rio Surumú, rio Parimé, rio Amajari, rio Anauá, rio Jauaperi, rio Água Boa do Univini, rio Alalaú.

Vegetação
O Estado de Roraima possui 03 (três) tipos de cobertura vegetal, bem distintas: Na região norte, nas serras, encontraremos uma vegetação de árvores mais rarefeitas e de pouca concentração demográfica, nos vales existe uma grande concentração de humos que facilitam o surgimento de gramíneas de excelente qualidade e apropriada para criação de animais como: cavalos, gado, caprinos e ovinos. Na região central do Estado iremos detectar com grande facilidade a região denominada de lavrado, mas que tecnicamente é chamada de savana, nesta faixa de terra encontraremos árvores de pequeno porte, mas bastante resistentes à falta de água e de caule retorcidos, que são os caimbezeiros, muricizeiros. Na região sul fica situada na região do baixo rio Branco, a floresta tropical amazônica, densa e úmida, sua maior característica são as árvores de grande porte.
Fauna: A fauna roraimense, assim como sua vegetação, está vinculada diretamente ao seu relevo, nas regiões de savana e serra encontraremos uma grande diversidade de animais como: tamanduá, tatu, jabuti, veados campeiros, paca, pato do mato, cutia, uma grande variedade de cobras, e os animais considerados como domésticos (gado bovino, cavalos, carneiros, búfalos, cabritos, galinhas, perus e outros). Na Região Norte, na faixa da floresta tropical amazônica veremos: onça, queixada, anta, caititu, jacaré, gatos do mato, macacos, lontras e veados do mato. Além disso, o Estado têm uma quantidade boa de espécies de peixes: pirarucu, peixe-boi, aracu, matrichã, curimatã, piranha, filhote, surubin, dourado, pirarara, tambaqui, jaraqui e traíra. Nas águas do baixo rio Branco é muito grande a quantidade de tartarugas e tracajás, e peixes ornamentais. A seguir uma breve relação das espécies de aves existentes em Roraima, como: passarão, jaburu, garças, carcarás, mutuns, jacú, gavião, e inúmeros passarinhos de cantos diferentes, é em Roraima que fica localizada a Reserva Ecológica da Ilha de Maracá, um centro de estudos sobre a fauna, flora e biodiversidade da região.

INFRA-ESTRUTURA
: O Estado possui, atualmente, uma boa infra-estrutura nos aspectos de: educação, Saúde, transporte e comunicação.
No setor de educação, o Estado de Roraima dispõe de uma estrutura satisfatória a sua necessidade, tanto em qualidade de estrutura física como, em quantidade de prédios escolares na rede pública, atendendo crianças, jovens e adultos do pré-escolar ao segundo grau, Roraima é um dos poucos estados que tem investido na formação de professores para atender comunicades especiais como os indígenas, existem hoje aproximadamente 373 professores índios, que atuam diretamente na formação e educação desse extrato social.

Contamos, ainda, com uma Universidade Federal, atendendo a necessidade de formação de profissionais especializados, a UFRR atua com 23 cursos de graduação e vem investindo fortemente para iniciar sua participação em cursos de especialização e na montagem de laboratórios para desenvolvimento de pesquisa.
Na questão de educação o Estado dispõe ainda de uma boa estrutura de formação profissionalizante com a atuação do SENAI, SENAR, SENAC, SEBRAE e da Escola Técnica Federal de Roraima que desenvolvendo excelente trabalho na formação de profissionais de nível médio em: Eletrotécnica, Construção Civil e Turismo.
A Saúde Pública em Roraima, tem uma vasta rede de postos médicos de atendimentos e hospitais tanto no interior, como na capital, em Boa Vista a comunidade pode ser atendida tanto na rede pública como privada, este último um segmento que vem se desenvolvendo com grande performance, onde hoje a comunidade local pode contar com os serviços de 03 (três) hospitais particulares que tem competência para atendimento em diversas especializações médicas. Além de uma boa rede de clínicas e consultórios médicos e odontológicos. As doenças que mais ocorrem em Roraima são: malária, hepatite, tuberculose, oncocercose, leshmaniose, além de outras como: dengue, cólera, AIDS, sarampo, meningite e etc, segundo dados da Secretária de Saúde do Estado.
Hoje o Estado de Roraima tem uma estrutura viária considerável e que possibilita sua conexão com todo o Brasil e países latinos, o Estado tem sua estrutura de escoamento fixada em 03 (três) rodovias federais: BR 174 - que faz a ligação com Manaus e Venezuela, BR 210 Perimetral Norte - que faz a ligação com os municípios de São João da Baliza, São Luiz e Caroebe chegando ao limite com o estado do Pará e a BR 401 que Boa Vista a Bonfim e Normandia conectando com a fronteira da Guiana. As demais rodovias existentes são estaduais e fazem a ligação de várias regiões do estado com as BRs, todas cidades e vilas do interior são atingidas por ônibus intermunicipais e interestaduais diariamente.
Todo o Estado é coberto por sistema de comunicação, seja via correio ou por telefonia, o estado dispõe de 08 (oito) canais de televisão nacionais, 04 (quatro) rádios - 02 (duas) FM e 02 (duas) AM, 03 jornais impressos (Brasil Norte, Folha de Boa Vista e O Diário), contamos ainda, com a revista virtual BV-On Line que dissemina informações gerais de Roraima pela internet. O sistema de telefonia atende todas as sedes de municípios no interior e na capital com serviços de DDD e DDI, a telefonia celular móvel só atende o município de Boa Vista em um raio de 45Km fora da área urbana.
POPULAÇÃO
O Estado de Roraima é o estado brasileiro que tem o maior contingente populacional indígena do país, sua população é formada por: índios, caboclos e migrantes de várias regiões do país, onde predomina os nordestinos.
As comunidades indígenas em Roraima, têm grande influência na formação de seu povo e sua cultura, pois aqui, existe uma grande interação entre esses povos e os não índios, a única etnia que não tem muito contato e possui pouca influência dos não índios são os índios Ianomamis, estimados em total de 9.000 pessoas e que vivem na floresta amazônica na fronteira com a Venezuela e o Estado do Amazonas, nesta área que foi criado em 1991 o Parque Indígena Ianomami com uma área de 95.000 Km2.
Os demais convivem pacificamente com os não índios à várias décadas, entre as comunidade indígenas as que mais se destacam quanto ao contigente populacional e organização são: Macuxis que têm população estimada em 11.598 pessoas estes vivem organizados em malocas onde cada uma tem um tuxaua - espécie de organizador e administrador, a grande maioria das malocas macuxis são supridas de escolas, os índios macuxis vivem na região de lavrado e, tem grande identificação com a pecuária, outro grupo são os Tauperang que vivem na fronteira do Brasil com a Venezuela, este grupo se destaca pelo conhecimento de comercialização. Existe ainda em Roraima os Ingarikó - localizados nas proximidades da Serra do Sol, são considerados índios bravos. Uma tribo que merece destaque é os Wapixana, localizados em uma região de lavrado que atingi os municípios de Amajari, Normandia, Bonfim e Pacaraima, a comunidade wapixana tem grande interação com os macuxis. Deve-se destacar, ainda, os Waimiri/Atroari que habitam a zona de fronteira entre Roraima e o Amazonas, a rodovia BR 174 passa tanto na reserva indígena dos waimir/atroari como nas reservas de São Marcos e Raposa Serra do Sol, no Estado de Roraima, onde é possível verificar da estrada várias malocas, em Roraima ainda existem os índios: Maiongong, e Wai/Wai.

São muitas as semelhanças entre os índios de Roraima e o povo asiático, isto tem sido motivo de muitos estudos e expedições buscando a comprovação de relação desse povo com os primeiros habitantes da América.
Entre os não índios, é grande a presença de nordestinos na formação do Estado de Roraima, esse contigente populacional tem como predominância de origem os estados: Maranhão, Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba e outros, sendo os primeiros a virem habitar a região de Roraima e onde podemos encontrar de forma acentuada suas tradições, hábitos e costumes enraizados na cultura do Estado, existe também uma quantidade razoável de pessoas oriundas do Sul do Brasil onde se destacam os Gaúchos (Rio Grande do Sul) e paranaenses (Paraná).
Segundo dados do IBGE, este fluxo migratório tem seu marco estabelecido a partir da abertura da BR 174, em 1977, tornando-se intenso no final da década de 80, até o início dos anos 90, isto justifica-se pelo fato da existência da atividade garimpeira, neste período, e pela divulgação das oportunidades de melhoria de vida para muitos dos migrantes, onde se falava da facilidade de emprego, moradia e, incentivos para aquisição de terras e planos de desenvolvimento agrícola.
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

Levado a categoria de Estado da Federação em 1988, quando da promulgação da última Constituição Brasileira, Roraima pode ser considerado um Estado novo e, que vem ao longo dos últimos 10 anos buscando se adequar ao novo "status" e, buscando traçar o caminho certo para que possa suprir a necessidade de começar a gerar riquezas.
Durante todo esse período o Estado tem recebido muitos investimentos federais, que inicialmente foram destinados a implantação da estrutura operacional do governo e ao assentamento de colonos, nos últimos anos os grandes investimentos em Roraima têm sido a execução de 02 (dois) projetos fundamentais para estabelecer o alicerce para o desenvolvimento do Estado, o primeiro diz respeito a pavimentação da rodovia - BR 174 - que estabelece a ligação de Roraima com o Amazonas e com a Venezuela, colocando assim, um ponto final na questão da comunicação e interligação com outras regiões e, iniciando um processo de melhoria na qualidade de vida do roraimense, bem como, preparando uma estrutura que viabilize o escoamento de sua produção interna e externamente, o segundo projeto refere-se a compra de energia elétrica da Venezuela, através do projeto LINHA DE GURI, este projeto está em andamento e trata da implantação de uma rede de transmissão de energia que sai do Complexo Energético de Guri, na cidade de Puerto Ordaz/Venezuela e termina em Boa Vista/Roraima, com a conclusão deste projeto, o Estado de Roraima irá dispor de energia constante e segura, podendo assim iniciar um processo de industrialização na sua economia, fomentando principalmente o estabelecimento de empresas que atuem no segmento de agroindústria.
Entretanto, esses fatores não podem representar a redenção econômica do Estado, para que isso ocorra é necessário que se crie uma estrutura de incentivos que se possa usar como instrumento para implantação e captação de novas unidades produtivas e fomentando o desenvolvimento das já existentes, atentando para o uso das vocações e potencialidade da região. É necessário que se estabeleça um plano de desenvolvimento auto-sustentável, definindo metas e prioridades estimulando a aplicação de investimentos em todas as regiões do Estado, buscando a diversificação da atividade empresarial focada na capital.
Os empreendedores que resolveram investir em Roraima, devem ficar atentos ao tipo de empreendimento que estarão fixando, pois com um mercado consumidor pequeno e com poder aquisitivo de médio para baixo, não podemos pensar exclusivamente em comercialização interna, mais sim, procurar atingir mercados como os demais estados da região norte, e mercados consumidores importadores por natureza e, a ligação com esses países faz parte do projeto Arco Norte - uma rodovia que fará a ligação do Amapá ao Amazonas, passando pela Guiana Francesa, Suriname, Guiana (Inglesa), Roraima - a ligação de Roraima com a Guiana é uma realidade do lado brasileiro, o acesso é feito pela rodovia BR 401 que liga Boa Vista/RR até Bonfim/RR, na linha de fronteira com esse país.

A título de sugestão, os empreendedores podem pensar com muita dedicação na implantação de atividades que estejam inseridas nos seguintes segmentos de negócios, os quais podemos citar como opurtunidades de negócios na região: o cultivo de grãos, produção de hortaliças - legumes - verduras, hotéis convencionais e direcionados para atividade de turismo, operadoras de turismo, receptivo, atividades de lazer, agroindústrias, beneficiamento de madeira (móveis e artefatos), comércio de alimentos - presentes - decorações - material de construção - produtos escolares - artigos esportivos, além de praticamente todas as atividades existentes no setor de prestação de serviços para pessoa física e jurídica.


RÁDIO RORAIMA – 50 ANOS NO AR
04/01/1957 – 04/04/2007


RÁDIO RORAIMA AM 590 - BOA VISTA – RORAIMA




SUMÁRIO

Introdução............................................................................................................ 10

Capítulo I............................................................................................................. 12
A Regionalização do Rádio................................................................................... 13
A Radiobras na Amazônia..................................................................................... 18

Capítulo II............................................................................................................ 27
Um Relato Histórico da Rádio Difusora de Roraima.............................................. 28

Capítulo III........................................................................................................... 39
A História do “O mensageiro do Ar”, e o Serviço Prestado por
esse Programa ao Estado de Roraima.................................................................. 40

Capítulo IV........................................................................................................... 46
A Linguagem........................................................................................................ 47
Análise do Programa “Omensageiro do Ar”........................................................... 66

Capítulo V............................................................................................................ 70
Análise do Conteúdo............................................................................................ 71

Conclusão............................................................................................................ 77
Bibliografia........................................................................................................... 78
Anexos................................................................................................................. 79



INTRODUÇÃO

Este trabalho de pesquisa focaliza um estudo feito do Programa "O Mensageiro do Ar", Mostrando o relato histórico, papel social e sua contribuição como meio de comunicação radiofônica nas zonas rurais e, especificamente, no Estado de Roraima.
O objetivo deste trabalho é, em primeira instância, resgatar a história desse Programa e deixar um registro do seu nascimento, concomitante às mudanças sofridas e avanços alcançados ao longo dos seus 39 anos ininterruptos no ar. ..
Escolhemos o veículo rádio e o Programa "O Mensageiro do Ar" como objeto de estudos, em virtude de dois fatores: um de ordem profissional e outro de ordem afetiva. No primeiro caso, por ser radialista e fazer desta profissão, uma dedicação exclusiva por mais de 13 anos. Em segundo, por ter uma admiração e afinidade por esse Programa radiofônico. Admiração por saber da sua função e papel social desempenhados no Estado de Roraima; e afinidade por sua linguaguem coloquial e, às vezes, divertida, como veremos ao longo deste trabalho.
Reconhecidamente, o rádio é um companheiro por excelência. Ele está presente nas mais diversas situações do nosso dia-a-dia. É também um meio de lazer, um veículo para denúncias, trocas ou transmissão de informações. Sua ação instantânea de levar a notícia, no exato momento que o fato acontece, aos mais longínquos pontos do planeta, faz dele um veículo de comunicação de primeira grandeza.
Quanto ao foco dirigido ao "Mensageiro do Ar", deve-se a existência de poucos estudos e menções simples dessa vertente da Programação da Rádio Difusora, na mídia impressa. Há até quem diga que a criação desse Programa foi o principal argumento para a instalação da primeira emissora de rádio em Roraima, tão grande era a carência de comunicação à época.
Os caminhos metodológicos que percorremos neste estudo foram os seguintes: entrevistas em torno do tema com pessoas do meio, aliadas a fase de recolhimentos de documentos, leituras, análise e gravação do Programa. Na observação e trabalho de campo foram consumidos seis meses de pesquisas constantes no semestre de 95.2. Neste período. de 96.1, dedicamos novas leituras e revisão bibliográfica. Dessa gama de informações, resultaram nos textos inseridos nesta Monografia. E, ao realizá-la, abro uma janela para aqueles que virão depois e, certamente, poderão beber na fonte destas informações, possibilitando-os a construir um outro pedaço desta história.


















CAPITULO I
1. A REGIONALIZAÇÃO DO RÁDIO

Compreender a importância do rádio para um país em desenvolvimento como o nosso é uma necessidade. Interpretar o papel que o rádio vem desempenhando nesse contexto é uma exigência que se impõe não apenas aos profissionais da comunicação, mas a todos os intelectuais comprometidos com o desenvolvimento brasileiro.
Em plena era das tecnologias mais avançadas seja através, fax, dos satélites, videocassetes, videotextos, ou dos computadores, o rádio reforça cada vez mais a sua posição de maior veículo de comunicação popular das regiões em desenvolvimento, graças às suas características, como a instantaneidade nas informações; a utilização da linguagem intimista (o rádio fala mais perto de você), a abertura à imaginação que ele proporciona, além do baixo custo operacional.
Do ponto de vista da audiência, o rádio transpõe a barreira do analfabetismo, da falta de energia elétrica, do baixo poder aquisitivo, pois o parelho receptor custa barato e desempenha o papel solitário de informador e formador da opinião pública em regiões onde é escasso o acesso a outras mídias, além de ser considerado por diversos autores como o instrumento ideal para ajudar a promover o desenvolvimento por proporcionar um contato mais imediato entre os centros de decisões e a grande massa da população urbana e rural.
A nível da América Latina, temos bons exemplos de quanto é viva e expressiva “a força do rádio”, utilizada ora para fins revolucionários, ora no trabalho da contra-revolução ou alimentando objetivos imperialistas, travando-se uma verdadeira batalha através das ondas do rádio.
Na Bolívia as rádios mineiras servem de bandeira para a luta do movimento operário no país.
Em El Salvador a rádio Venceremos instalada em Morazan, constitui o carro chefe de toda ação guerrilheira no que diz respeito a informar o interior do país e o exterior sobre as ações do movimento revolucionário.
Um papel semelhante é desempenhado pela rádio Farabundo Marti, que pertence também às organizações guerrilheiras em El Salvador, que segundo fonte dessa emissora ela “constitui um dos meios mais importantes de difusão de massa com que conta o momento revolucionário Salvadorenho”.
Um papel não menos político e importante desempenham as rádios contra-revolucionárias que surgem como difusoras do imperialismo norte-americano na América Central. Trata-se das rádios 15 de Novembro e Voz de Sandino que operam em Honduras e Nicarágua, além do Projeto Rádio Marti, com sede na Flórida e que pretende emitir Programas para Cuba.
Esses argumentos servem para ilustrar a força do rádio como veículo de persuasão e mobilização popular. Essa característica incluem o rádio como veículo de amplas possibilidades para promover o desenvolvimento. No caso específico do Brasil, os serviços de radiodifusão, desde a instalação das primeiras emissoras em 1923, tinham como objetivo o de “levar a cada canto um pouco de educação, de ensino e de alegria” e trabalhar pela “cultura da nossa gente”, argumentos propostos pelo idealizador do rádio brasileiro Roquete Pinto, auxiliado pelo engenheiro-técnico Henrique Moritze. No entanto, parecendo absorver o lema “o que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil”, os objetivos propostos inicialmente foram ficando mais distantes da realidade. copiando modelos norte-americanos, resumido no trinômio diversão ligeira, música popular e internacional além de notícia, o rádio brasileiro, ainda muito jovem, foi requisitado no sentido de trabalhar em função da meta prioritária que se estabeleceu na vida nacional a partir de 1930 que consistia em concentrar os interesses da Sociedade global em torno dos processos econômicos urbanos. A consolidação do mercado interno necessitava primeiramente incrementar o consumo. Dessa maneira todo o esforço para a criação de mercados consumidores, através de uma urbanização forçada pela ideologia “modernizadora” passou a ser considerada como esforço para esse desenvolvimento do país. O rádio tornou-se peça de destaque nesse processo direcionado para a sociedade urbana, pois ai é que estão instalados os grandes mercados de consumo e o centro de poder de decisão.
Getúlio Vargas foi o grande idealizador da função do rádio como agente econômico. De um lado procurou expandir a rede de emissoras em todo o país. Por outro lado, criou um mecanismo de concessão de canais a título precário o que possibilitou o controle das emissoras por parte do Estado. O ciclo funcionava de forma coerente com os interesses da nação. Vargas traçava um Programa de expansão industrial que necessitava de um mercado interno de consumo. Os canais eram concedidos a grupos ligados às atividades políticas ou empresariais. E o ciclo se completa quando a partir de 1933 é incrementada a propaganda através do rádio.
RAMOS
[1], descreve as primeiras incursões da propaganda no rádio: “em São Paulo apareceram os primeiros Jingles e no Rio de Janeiro o “Programa Casé” dava os primeiros passos na área comercial.
O rádio chegou a ocupar um privilegiado primeiro lugar nos tempos de ouro nos anos 40, mas sofreu uma sensível queda na preferência dos anunciantes com o surgimento da televisão, o que fez com que todos os outros media, não apenas o rádio, assistisse a uma progressiva perda de prestígio. Nos anos 50, o rádio ainda não tinha se recuperado do baque ocasionado pela fuga de comerciais para a televisão. Todavia procurava-se investir na área musical com a contratação de grandes nomes do teatro para o rádio, como forma de atrair a atenção dos comerciantes para o patrocínio de Programas, principalmente de auditórios.
Ao longo dos anos 60 a tendência não foi muito alterada. No entanto, com a massividade dos enlatados americanos na TV, o público brasileiro repudia-os e volta-se para o rádio acompanhando os grandes cantores, principalmente da Jovem Guarda, sem deixar de vez de dar atenção à televisão com os inúmeros festivais de músicas populares Brasileiras.
Na década de 70, a reorganização do serviço de radio difusão era urgente e necessária, pois muitas emissoras funcionavam sem permissão, e outras com problemas técnicos de transmissão fora do canal.
Além dos problemas técnicos, muitas AMs funcionavam com potência reduzida, pois não havia um Plano Básico de Radio difusão que permitisse redimensionar o setor.
Das 865 AMs existentes em 1975, apenas l16 tinham potência superior a 2 quilowatts. A grande maioria, conjuntamente, não cobria o território nacional.
As emissoras rurais, como a maioria até hoje faz, obedeciam ao mesmo esquema de Programação das grandes cidades. Nesse aspecto, SANTOS
[2], afirma: " orientam-se pelos padrões das emissoras das capitais e veiculam valores culturais importados, desprezando a cultura local em favor da padronização de costumes dos grandes centros ou de regiões controladoras do poderio econômico”.
Essa lacuna, como não poderia deixar de acontecer, favoreceu a entrada das ondas de emissoras estrangeiras, principalmente na Amazônia, onde a carência de informações sempre foi a principal preocupação não só das autoridades como também do povo que habita essa região.
Como parte da estratégia governamental de interiorizarão da radiodifusão, a instalação de pequenas rádio e em Freqüência Modulada (FM), foi permitida - apesar do alcance reduzido de suas ondas - para que as pequenas cidades fossem dotadas de uma estação de rádio. Desta forma, o governo esperava cobrir, em partes, as áreas de silêncio não atingidas pelas AMs que possuiam potência de 1 quilowatt.
O jornal O Estado de São Paulo denunciou em novembro de 197l, conforme menciona. Del Bianco
[3], que estações de rádio " comunistas” eram captadas em todo o país. Ao todo 23, sendo 7 de países comunistas, que transmitiam Programas em ondas Curtas (OC) entre 18 e 22h.[4]
Os Programas veiculados por essas emissoras de países do Leste Europeu e de outros com tendência comunista, eram abertos por noticiário internacional, seguidos de Programas informativos de caráter geral sobre agricultura, pecuária, comentàrios políticos, culturais e econômicos. As emissoras das democracias ocidentais, segundo o jornal, eram escrupulosas em relação a assuntos políticos, e procuravam não tratá-los nos Programas. Mas as comunistas irradiavam juntas treze horas diárias de Programação e permitiam a divulgação de cartas de brasileiros denunciando a falta de liberdade política.

1.1 - A RADIOBRÁS NA AMAZÔNIA

Para impedir a " invasão de emissoras estrangeiras ", o governo criou em 197l a Rádio Nacional na Amazônia. No ano seguinte, a Rádio Nacional de Brasília teve sua potência aumentada e passou a transmitir Programas em inglês para a Europa. O Ministro das Comunicações, à época, Higino Corseti, justificava a transmissão para o exterior”
[5]:
" Nós temos que fazer o que os outros países também fazem, já que os outros mandam informações para o Brasil, assuntos que interessam a eles, mas que muitas vezes não nos interessam, vamos mandar nossas informações para o exterior".
O crescimento da audiência de emissoras estrangeiras era justificado, em parte, como reação do público ao marasmo em que se encontrava a maioria das emissoras AM ante uma Programação firmada no tripé música-esportes-notícias, sem o glamour dos anos 40. Por outro lado, os problemas técnicos e a potência reduzida de muitas emissoras também contribuíram para afugentar os ouvintes.
Como reação, o governo criou a Rádiobrás- Empresa Brasileira de Radiodifusão, em 1976, e passou a ocupar o espaço amazônico com a instalação de inúmeras emissoras e absorvendo algumas já existentes, em todo o cinturão de Fronteira da Região Norte . Foi assim que a Rádio Difusora de Roraima foi absorvida em 1977 e transfomada em Rádio Nacional de Boa Vista.
Entretanto, como foi notado ao longo dos anos, essas emissoras implantadas pela Radiobrás, traziam em seu bojo uma Programação urbana e com veiculação de Programas eminentemente da região Centro-Oeste, como é o caso dos enlatados enviados pela Rádio Nacional da Amazônia, mas com sede em Brasília. Assim, apesar de produzirem grande parte dos seus Programas localmente, as emissoras, ora implantadas, orientavam-se pelos padrões da capital brasileira, em detrimento à cultura local. Desse modo, o rádio para essas cidades Amazônicas, transformou-se em mero instrumento de lazer e um meio que permitia tomar conhecimento das novidades das grandes cidades, desperdiçando-se um espaço importante que poderia ser ocupado por Programas produzidos nas próprias emissoras. Até porque, há de se convir que o ouvinte gosta de uma Programação que aborde lugares e problemas que lhe são familiares. Gosta da linguagem empregada pelo comunicador que tem o seu mesmo sotaque, seu mesmo jeito de dizer, e uma malícia que escapará aos estranhos, mas que lhe proporciona satisfação.
Lima
[6], preconizava: " a regionalização seria a tendência que o rádio seguiria nos próximos anos". Acertou em cheio. Se observarmos, veremos que a maioria das emissoras que transmite em AM destina a maior parte do seu horário aos Programas voltados para os problemas cotidianos do cidadão comum.
A mesma Lima
[7], argumenta que a audiência prefere ouvir falar de gente com quem convive, negocia, se corresponde facilmente; gente em quem vota, de quem recebe favores, com quem simpatiza, por quem tem admiração, respeito ou inveja.
O mesmo se pode dizer do esporte. Sempre é melhor acompanhar o resultado do time do nosso bairro, da nossa cidade, antes de sabermos como está o timão do Rio ou de São Paulo. É ou não é? Com a palavra os aficionados do futebol.
Pode-se pensar também em termos de publicidade. O dono da venda sempre dá um jeito de pagar um pequeno anúncio no rádio local só para ouvir a propaganda do seu comércio. É como se se projetase socialmente na comunidade onde mora. É aí que a Programação local', a regionalização propriamente dita, tem a sua maior importância: a valorização das pessoas do seu próprio meio.'
E qual a saída para o rádio comprometido com o desenvolvimento ? O ponto de partida, diz Santos
[8]: " Seria a descentralização do rádio. Ao invés da legislação brasileira considerar o rádio apenas como veículo de grande massa, o que estimula a formação de grandes redes com objetivos consumistas, passasse a considerar a possibilidade de concessão de emissoras de baixa potência a pequenas comunidades, grupos de bairros, etc”.
Se o governo brasileiro tomasse essa iniciativa, decerto possibilitaria o acesso de todo segmento da sociedade ao veículo. E democratizando as ondas do rádio estaria democratizando a educação voltada para a valorização da cultura local. O rádio utilizado nesta direção estaria servindo ao desenvolvimento verdadeiro pois a sua mensagem estaria libertada do compromisso em promover o consumismo e a dominação cultural.
Mesmo com inúmeras características como ampla difusão popular, simultaneidade, largo alcance, etc, e apesar de sua boa penetração e cobertura, o rádio não deixa de ser um veículo local. Um alcance nacional somente poderá ser obtido com a Programação de um grande número de emissoras em diferentes pontos do território nacional. Foi o que aconteceu com o "Repórter Esso"', de agosto de 1941 a março de 1964; o Programa. tinha emissoras em ondas Médias e Curtas contratada pela Esso por todo o país. Algo semelhante ocorre com o Programa" A Voz do Brasil" retransmitido simultaneamente por várias emissoras do Brasil, com ressonância no exterior, através da Rádio Nacional de Brasília.
Se em 1922, por ocasião do Centenário da Independência, houve um experimento durante uma exposição alusiva a data, no Rio de Janeiro, através da propagação por vários alto-falantes instalados no pavilhão onde se realizou a festa, os ano 90 reservaram para o rádio, diz Pinho
[9]: " o melhor momento em toda a sua história no país".
O rádio no Brasil soube adaptar-se a uma nova realidade com as inovações na área tecnológica, principalmente da multimídia, transformando-se, sem fazer concorrência direta a esses meios', em uma fonte de diversão, entretenimento, informações e serviço com forte apelo popular. É agora um veículo amplamente disseminado, calculando a existência, já em 1990, de um total aproximado de 27 milhões de lares brasileiro com aparelhos receptores, conforme menciona o Anuário Brasileiro de Mídia 1990-1991.
As conquistas tecnológica trouxeram condições para o inegável avanço do consumo de rádio. A invenção do transístor, por exemplo, livrou o rádio da dependência da energia elétrica. Os receptores de rádio em veículos se tornaram comuns, a ponto de algumas emissoras se especializarem em Programas de serviços dirigidos para um novo público: os motoristas de automóveis de passeio e caminhões. Também a miniaturização dos aparelhos, com versões reunindo AM e FM, reduziu drasticamente seu custos e tornou o rádio acessível a todos.
Há de se observar no entanto,mais que o tento tecnológico, é que tanto as AM’s como FM’s foram usadas como instrumentos de barganha política. As concessões foram transformadas em meio de cooptação ou mesmo em negociatas envolvendo benefícios e privilégios. A política de distribuição de canais nos governos Figueiredo e Sarney é uma prova de que emissora de rádio virou moeda política de larga circulação entre protegidos do poder e políticos do antigo PDS.
João Figueiredo, praticamente duplicou o número de emissoras em funcionamento.
O governo Sarney conseguiu superar seu antecessor e transformou-se num campeão na distribuição de canais durante o período crítico na disputa da Constituinte, quando estava em jogo a duração do mandato do presidente da República. De 1985 a 1989, Sarney permitiu o funcionamento de 632 FM’s e 314 AMs. Somente no período de novembro de 1987 a outubro de 88 concedeu em média 32 FM’s por mês. Em rítmo acelerado, Sarney conseguiu ocupar cerca de 70% da totalidade de frequência e canais disponíveis, praticamente esgotando o espectro nas capitais e grandes Cidades.
É fato que a função que o rádio assume dentro da sociedade, em termos de doutrina que o define, vai ser um elemento fundamental na determinação dos critérios de seleção do conteúdo da Programação da emissora, e que o Papel Social do rádio é', além da prestação de serviço, também a informação; o entretenimento, e boa música e a publicidade. E isto, Sarney, com a proliferação de inúmeras emissoras concedidas, permitiu que o público brasileiro tivesse mais opção de conteúdo e de lazer.
No entanto, se analisarmos o aspecto da Comunicação de Massa para o meio Rural, de modo generalizado, veremos que os grandes meios de comunicação coletiva disponíveis no país, tem uma Programação e uma audiência caracterizadamente urbana, não havendo preocupação, por parte do poder dominante ou mesmo pelos dirigentes das emissoras, do tópico "regionalização do rádio".
Mesmo sabendo-se que uma grande proporção da população brasileira, ainda vive em zonas rurais, o que é um fato , o conteúdo e o tratamento das menssagens que chegam até o agricultor são desproporcionalmente de natureza urbana. Por outro lado, os agricultores que utilizam, em maior grau os meios coletivos de comunicação geralmente .manifestam uma maior tendência de serem mais receptivos a novas idéias. Fonseca
[10], já alertava para esse tocante, quando dizia que:
“Hoje, na maioria dos casos, o homem rural brasileiro ainda é analfabeto. Entretanto, ele já não é o mesmos analfabeto de entes. Agora ele vive em um ambiente saturado de estímulos de toda natureza: auditivos, visuais, educacionais, econômicos, políticos e ideológicos. Ele faz parte de um sistema em que as mudanças introduzidas pelo progresso em algumas partes afetam as demais".'
E mais a frente Fonseca acrescenta:
" Á História tem demonstrado que este tipo de mudança pode. ser perigoso. Ao perceber a discrepância entre o que ele tem em suas mãos e o que gostaria de ter, este homem busca resolver de qualquer maneira o seu conflito e as suas soluções tendem a situar-se entre a revolta cega e desordenada ou a alienação quase total do mundo que o rodeia".
Mais uma vez evidencia-se a importância da regionalização do conteúdo de uma Programação. O homem ouvinte deve ter conhecimento do que pode ter acesso, seja bens de consumo ou mesmo de produção. Deve-se adequar ao meio e aos recursos que ele possa dispôr, e não algo tão inatingível quanto ondas de rádio propagadas no éter, principalmente de uma emissora urbana. Isto não quer dizer que se deva limitar seus sonhos ou desejos. Mas que o rádio sirva de meio de informação e de prestação de serviço, invés de criar, com Programação absurdas, produtos de consumo que, dificilmente o interiorano vai ter acesso. E qualquer processo de difusão de inovações implica numa ação institucionalizada de mudanças sociais ou de transferência, mesmo de transformação dos padrões culturais.
Ao finalizar, é bom lembrar aos profissionais do meio radiofônico, quando veicular um conteúdo dentro de uma progamação estabelecida, que levem em conta os sentimentos dos que os ouvem como disse Marinho
[11]: "o rádio evoca imagens familiares, estimula os sentimentos através das palavras, sons e músicas, criando sentimento, harmonia, ambiente, sensação de tempo e de lugar".
No próximo capítulo faremos um relato histório da Rádio Difusora de Roraima, que veremos a seguir.







mensagem aos roraimenses

nesta oportunidade, quando lanço um filete de luz, sobre a história da primeira emissora de rádio de Roraima, é conveniente, e até salutar, nos encontrarmos nas palavras auspiciosas do ex-Presidente Juscelino Kubistcheck, quando de sua visita à esta terra Macuxi, em 1955:
“Estas campinas verdes, iluminadas pelos raios solares mais claros do Brasil, refletem os desígnios de Desus para uma grandeza real no seu porvir; o Rio Branco é um pedaço da nossa Pátria encastoada entre as Guianas e a Venezuela, cujas cintilações de minérios justificam e atestam o seu futuro promissor”.
Acrescentar mais alguma coisa às palavras do ilustre Presidente, seria redundância e desnecessária.

























CAPITULO - II
2. RELATO hISTÓRIO DA Rádio Difusora de Roraima.

Até a metade da década de 50, o Território Federal do Rio Branco era uma das poucas Unidades da Federação que ainda não dispunha de uma Emissora de Rádio. Esta era uma das principais reivindicações do povo e uma das preocupações dos governantes locais.
A grande oportunidade surgiu em julho de 1955, quando o então candidato à Presidência da República - Juscelino Kubitscheck de Oliveira - esteve em Boa Vista. O Governador - na época ,Auris Coelho e Silva serviu de porta-voz do povo e solicitou ao candidato que viabilizasse a instalação de uma usina de energia elétrica e de uma emissora de rádio. Eleito e empossado em 1956, Juscelino cumpriu as promessas mandando construir uma Termoeléctrica no bairro Rói-Couro, hoje bairro São Pedro e, através de Decreto Presidencial, criou a Rádio Roraima.
Nesse mesmo ano, no governo do Capitão José Maria Barbosa, teve início as atividades da Radiodifusora Roraima ( com capacidade de 1 Kilowatt ); instalada numa pequena sala da Escola Lobo D’almada, sob a administração do Maestro Dirson Félix Costa e locução de Valdemir Cavalcante.
No final de 1956 e início de 1957, a emissora foi transferida para uma sala de um dos pavilhões internos da Divisão de Educação, hoje Secretaria Estadual de Educação, Cultura e Desportos.
No dia 04 de janeiro de 1957 , com a denominação de Radio difusora Roraima - ZYA- 1 ( na Frequência de 4.835 KHZ e com 1 KW de potência ) a emissora começava suas atividades com status de "Rádio". A direção ficou a cargo do professor Vidal da Penha Ferreira e como diretor artístico o maestro Dirson Félix Costa.
A Programação era constantemente prejudicada. Várias interrupções aconteciam, devido ao racionamento de energia elétrica imposto pelo govemo. A difusora entrava no ar às seis horas e entre às nove e onze horas interrompia suas atividades. Havia ainda, um segundo intervalo no período das duas da tarde äs sete horas da noite . Após este horário começava o Programa “O MENSAGEIRO DO AR” e a Programação prosseguia normal até às vinte e três horas.
No dia 20 de janeiro de 1957, a emissora foi oficialmente inaugurada com a presença do Presidente Juscelino Kubitschech de Oliveira. Houve discursos e manifestação estudantil.
Em 1958, sob a direção do Sr. João Moura e comando técnico do engenheiro Magnos Motta Guimarães, a emissora recebeu novos equipamentos e sua potência foi elevada para 3 KW; seus transmissores deixaram a Divisão de Educação e foram instalados em uma sala de um pequeno prédio das Centrais Elétricas de Roraima - CER na Avenida Terêncio Lima no bairro de São Francisco; a administração e o estúdio foram transferidos para o prédio do Teatro Carlos Gomes que fora ampliado.
Com o apoio da emissora, o Teatro Carlos Gomes passou a ser palco de eventos importantes como o Programa de auditório "Brasil Cantando" apresentado por Magnos Motta e um outro que levava o nome do apresentador Jáber Xaud. Através destes Programas muitas cantores roraimenses fizeram-se conhecidos: Neuber Uchôa, Mestre Simpatia, Zeca Preto, Alcindo Silva, Ailton Cruz e muitos outros.
Em 1959, a emissora perdeu 2 KW de potência devido a um incêndio nos transmissores, mas, mesmo assim operando com 1 KW a difusora continuou a receber cartas de outros países, como por exemplo, Estados Unidos, Alemanha e Canadá. Segundo o técnico em transmissor - da época, Raimundo Costa Andrade (Costinha) ,o incêndio foi provocado por um curto-circuito devido a alternância de carga de energia elétrica.
Em 1960, a Rádio foi transferida mais uma vez para a Divisão de Educação para que o auditório do Teatro Carlos Gomes fosse ampliado, já que não comportava o grande número de pessoas que lotava as dependências do Teatro para assistir aos shows de calouros que eram transmitidos ao vivo. Enquanto se faziam os serviços de ampliação, os shows de calouros passaram a ser realizados numa área onde hoje funciona o Grêmio Recreativo dos Sub-tenentes e Sargentos do Exército GRESSB.
Em 1962 - no Governo do General Clóvis Nova da Costa - a emissora retornou para o prédio do Teatro Carlos Gomes, agora com ampliação da área administrativa, além da construção de um estúdio e um auditório com capacidade para duzentas e cinqüenta pessoas sentadas. Àquela época o elenco da emissora era composto por dois sonoplastas e sete locutores; a direção estava a cargo do Sr. Áureo Odilon de Souza Cruz, que ficou na direção até 1964.
Em 1964 - no Governo do Coronel Dilermano Cunha da Rocha - a Rádio muda de gerência. Assume o jornalista Laucides Oliveira, que deu uma nova dinâmica ao jornalismo e aos shows de calouros;
Em 1966, assume a Direção Geral o Sr. João Alves e a Direção Artística, o radialista Galvão Soares. Nessa administração foram criados novos Programas, destacando-se : "Janela do Passado", "Parada dos Maiorais" e "A Canção dos Trópicos". Na área esportiva foi criado o Programa :"Atualidade Esportiva", no qual divulgava-se as notícias do esporte local.
Em 1967, Laucides Oliveira, funcionário da emissora, implantou o Cine-Rádio Roraima. Antes dos shows de calouros , transmitidos pela Difusora, instalava-se, no palco do Teatro, uma tela para exibição de filmes e cuja locução e operação ficavam a cargo de Benjamin Monteiro. O Público lotava o auditório nas tardes de domingo. Essa iniciativa atraiu novos patrocinadores e, consequentemente, aumentou o faturamento da emissora.
Em 1968, no Governo... do Coronel Hélio da Costa Campos, o Jornalista Laucides Oliveira retorna pela segunda vez à Direção da Difusora e imprime um rítmo maior ao jornalismo. Hélio Campos governou o Território, nesta sua primeira vez, por 1 ano e 2 meses.
Em 1969, na interinidade de vários governadores, assume o Major Walmor Leal Dalcin, que governou por 10 meses. Após esse período assume, pela segunda vez, Hélio Campos que convida para a Direção da Difusora o Radialista Jáber Xaud e como Diretor artístico Galvão Soares. No final do ano Hélio Campos se afastou do governo, mas a emissora, com o alento da nova direção continuou suas atividades e são criadas novos Programas: “Bom Dia Roraima’, Sucesso de Todos os Tempos”, Novela Musical/Impel”, “O Repórter Roraima”, “ Você Faz o Programa”, “Vanguarda Esportiva”, “O Mundo Alegre da Juventude”, Encontro com a Saúde”, e o Programa de auditório comandado por Jáber Xaud. A área comercial foi estimulada com a implantação do “Recado Urgente”.
De 1970 até março de 1974 - no terceiro mandato do Govenador Hélio Campos - a direção estava a cargo de Galvão Soares e a Difusora primou pelas transmissões externas, tanto na área esportiva quanto das inúmeras obras do governo de Helio Campos que, sem sombra de dúvida, construiu uma nova Boa Vista.
Em abril de 1974, assume o Governo do Território o Coronel Fernando Ramos Pereira e convida Laucides Oliveira para a direção da Difusora. Em sua última gestão à frente da Emissora, Laucides viabilizou - junto ao Ministério das Comunicações - o reconhecimento e a regularização da Rádio Difusora de Roraima, até então, tida como "clandestina" perante àquele órgão federal.
Em 1975, Galvão Soares retorna à Direção, dando uma nova dinâmica à Programação esportiva. A partir de 02 de janeiro daquele ano a emissora começou a enfrentar a concorrência da televisão.A TV Roraima era inaugurada e buscava seus primeiros comerciais.
Com a chegada da televisão, uma parcela dos boa vistenses - possuidora dos primeiros aparelhos de TV’s - transferiu parte da a atenção para os "enlatados" televisivos (a TV Roraima, no princípio, era apenas uma repetidora) em detrimento dos Programas de auditório da Difusora.
Quanto ao fator audiência, a difusora não perdeu muito, pois o poder aquisitivo da população não permitia que todos adquirissem um aparelho de TV, enquanto que o rádio podia ser encontrado em qualquer casa. E, sobre isto, Galvão Soáres acrescenta.
“Assim é que o rádio continuou por muitos anos, como o único meio de divulgação de notícias o Programa “O Mensageiro do Ar”, e por conseguinte, se firmou como o elo de ligação entre a capital e o interior.
Em 12 de setembro de 1977, a Rádio Difusora de Roraima foi absorvida pelo Govemo Federal e incorporada à Empresa Brasileira de Radiodifusão - RADIOBRÁS, passando a chamar-se RÁDIO NACIONAL DE BOA VISTA, tendo como primeiro diretor Francisco Galvão Soares.




2.1 A RADIOBRÁS

A Rádio Difusora, instalada em Boa Vista, estava localizada - sob o ponto de vista do Governo Federal - em um ponto geográfico estratégico: às margens do rio Branco e com extensões Fronteiriças com a Venezuela, em Pacaraima, e com a Guiana Inglesa ( República Cooperativa da Guiana), em Normandia e Bonfim.
Acompanhando a política governamental de ocupar o espaço radiofônico - que vinha sendo preenchido por emissoras estrangeiras - , a Radiobrás adquiriu o direito de transmissão, através da concessão - junto ao Ministério das Comunicações- e absorveu a equipe funcional da difusora.
A Radiobrás tinha como objetivo maior manter os amazônidas informados das notícias governamentais através do Programa radiofônico "A Voz do Brasil" e também à valorização da música popular brasileira, como forma de impedir a enxurrada de músicas estrangeiras as quais o homem amazônico era obrigado a ouvir porque não dispunha de uma emissora verdadeiramente nacional.
Em Boa Vista, extinta a Difusora tem-se a Rádio Nacional de Boa Vista. Em face dessa mudança surge a pergunta: qual a influência ou benefícios trazidos pela Radiobrás? Segundo Galvão Soares, (o primeiro gerente da Rádio Nacional) os benefícios foram inúmeros, podendo-se destacar : melhoria da qualidade do serviço prestado à população, melhoria da Programação e um jornalismo mais dinâmico o qual seguia a temática vigente da instantaneidade das notícias que eram veiculadas à medida em que os fatos aconteciam. Assim é que Roraima estava diariamente no Noticiário Nacional, através de rede, com outras emissorasdo Sistema Radiobrás para todo o país.
Quanto ao faturamento, a Rádio Nacional de Boa Vista ascendeu. Foi criada a figura do "Contato Comercial". Funcionários da Rádio saíam em campo em busca de patrocínios para os Programas criados. Em cada contrato firmado o funcionário fazia júz a 3% (três por cento) do valor do Contrato. Esse percentual foi elevado para 10% (dez por cento). Às agências de publicidade foram oferecidos 20% (vinte por cento) na participação do comercial. Com esse estímulo a emissora tornou-se a terceira do sistema Radiobrás em termos de faturamento.
Não obstante, à medida em que se busca a história da RANAC - GEBOV ( Rádio Nacional Gerência Boa Vista) nos deparamos com alguns fatos que chamaremos de “negativos”, senão Vejamos:

1. Os novos locutores contratados eram confirmados nos cargos pela Radiobrás em Brasília, para onde seguia toda a documentação. Esses locutores, não mais submetidos a testes de dicção, leitura e fluidez de linguagem - como era comum no processo seletivo da antiga Difusora de Roraima - passaram a ser contratados sob dois critérios: indicação política e jovialidade. Em alguns casos, como por exemplo, para atuação na FM Nacional Boa Vista, o critério adotado era ter afinidade com rock e com outras músicas comuns à discoteca.

2. A Radiobrás não permitiu o sindicalismo dos seus funcionários , nem o registro de Radialista nas Carteiras Profissionais com o intúito de evitar adesão dos funcionários aos sindicatos e futuramente não fazer movimentos grevistas.

3. A tão propalada ascensão funcional também não foi posta em prática. Assim, quem foi contratado como auxiliar, dificilmente alcançou cargo melhor, mesmo que posteriormente à data da admissão, tenha comprovado capacitação mediante apresentação de diploma.

4. A imposição cultural foi mais um ponto negativo na história da RANAC - Boa Vista. A Programação local, que se constituia de serestas, Programas de auditório e de grandes shows apresentados por Lino Silva e pela cantora Odice Silva, foram pouco a pouco perdendo espaço até desaparecerem por completo. Essa lacuna serviu à veiculação de Programas oriundos de Brasília e que eram apresentados por locutores que pouco ou quase nada sabiam da ralidade local. E pior, nem sequer sabiam das preferências musicais dos roraimenses. Esses Programas ocupavam a tarde inteira com músicas e com uma linguagem típica do Centro - Oeste do País, e com os quais os ouvintes não estavam acostumados. A imposição cultural, a princípios foi um choque e aos poucos foi sendo digerida e hoje absorvida, ferindo o que se costuma falar de “Regionalização do Rádio”.

Em 1981, a Radiobrás transferiu a emissora para o atual prédio na Av. Ene Garcez - Bairro São Francisco - e envia de Brasília o primeiro diretor não roraimense, José Faid Ribeiro de Farias.
Em 1983, foi criada, no mesmo prédio, uma emissora de Frequencia Modulada, a FM Nacional, anexa a AM já existente. A Direção geral ficou a cargo do contabilista João Waldecir Muniz de Souza.
Em 1984, chegou mais um diretor enviado por Brasília, Sérgio Getúlio da Rosa Camargo, que estimulou a Programação e a área comercial.
Em 1985, transferido da Rádio Nacional de Tabatinga/AM, assume o Radialista Francisco Cândido (Autor desta Monografia).
Em 1986, assume, interinamente, o apresentador de Programa de forró, e como ele próprio afirmava “licenciado curto”em letras, Jorge Luiz, sob os auspícios do governador, à época, Getúlio Cruz.
Entre 1987 a abril de 1989, desfilam pela gerência da emissora os senhores Edu Costa, Bernadinho, Humberto Campos e Júlio Torreyas.
Em 26 de maio de 1989, o governador Romero Jucá, sob promessa de compra, consegue da Radiobrás a administração da emissora para o Governo do Estado de Roraima.Assim , a emissora deixa de ser Radio Nacional de Boa Vista, passando a chamar-se Fundação Rádio Difusora de Roraima,sob a gerência do indicado político Sr. Valentim.
Nesse mesmo ano de 1989, a rádio FM Nacional foi vendida para o grupo político local do PFL,tendo a frente o ex-deputado Mozarildo Cavalcante e o atual Deputado Federal Luciano de Castro. Hoje chama-se Radio Tropical FM, sob a gerência do Radialista Carlos Alberto Alves.
Vendida a FM, as gerências da Am se sucedem à medida que muda o metier político local ou o partido que tenha maioria na Câmara Municipal ou na Assembléia Legislativa.
Em 1990, no governo de Rubens Vilar, a Fundação Rádio Roraima estava sob um triunvirato:Presidente - Edu Costa; vice-presidente Ailton Costa, mas quem gerenciava era Júlio Torreyas auxiliado pelo Diretor Administrativo Geraldo França.
Em 1991, com a posse do 1° Governador eleito pelo voto direto Brigadeiro Ottomar de Sousa Pinto, a Fundação passa por transformações administrativas. Esperimenta-se como AUTARQUIA. A experiência como autarquia, não deu resultado, pois a arrecadação própria não era sufuciente para suprir as despesas com equipamentos de reposição nem de pessoal, já que a emissora tinha em seu quadro mais de 79 funcionários. A maioria indicada por políticos locais. A emissora, em face dessa dificuldade administrativa, volta à condição de Fundação, sob a supervisão do Chefe do Gabinete Civil Dr Aimberê Freitas e coordenação do Jornailista Manoel Lima. A Presidência ficou a cargo de Geraldo França, e na Direção-operacional o radialista Barbosa Júnior (José Pereira da Silva).
Em 1992 , ainda no Governo de Ottomar Pinto, ocorreu o primeiro pagamento de compra da emissora à Radiobrás. Nesse mesmo ano houve uma conjunção política e o governo mudou a Direção da emissora. A Fundação passou a ter como Presidente o Economista Wisner Barbosa dos Santos e, para a Diretoria Administrativa foi convidado o Radialista Francisco Cândido (autor desta monografia) - apoiados pelo ex-Deputado Estadual José Maria Gomes Carneiro; para a Vice-Presidência foi indicado pelo Governo do Estado o senhor Elizeu Maciel; a Diretoria financeira ficou a cargo do senhor Otávio Pena Duarte e na Diretoria de Operações o Radialista Erivan da Silva Esbel indicados pelo ex-Deputado Estadual Renan Beckel Pacheco.
Em 1994, a Administração da Difusora foi dividida em duas Diretorias: A Administrativa-Financeira, tendo a frente o senhor Ângelo Fernandes Santana, e a Diretoria Operacional a cargo do Jornalista Rui Figueiredo.
Em 1995, ocorreram novas mudanças no cenário político local: deputados do bloco governista mudam de lado e passam para a oposição e alguns da oposição passam para a situação. Nessa conjuntura foi indicado para a Direção da Emissora o Radialista Wilton Lira. Em sua gestão Wilton Lira conseguiu passar alguns funcionários para a Cooperativa do Governo, a fim de aliviar a Folha de Pagamento. Nesse mesmo ano, por indicação da Senadora Marluce Moreira Pinto, assumiu mais uma vez Geraldo França na Direção Geral e Barbosa Júnior na Direção de Operações da emissora.
Em 1996, no governo atual do engenheiro Neudo Ribeiro Campos, os Radialista Geraldo França e Barbosa Junior foram confirmados nos cargos. Os demais funcionarios, com raras exceções, pertencem ao Quadro do Governo Federal, e os mais recentes, à disposição da emissora, pertencem ao quadro do Governo Estadual, com pagamento em forma de Cargo Comissionado,já que a Cooperativa, oficialmente, deixou de existir.
A Fundação Rádio Difusora de Roraima está, atualmente, subordinada à Coordenação de Comunicações do Governo do Estado, representada pelo professor e Radialista Fernando Santoro.









CAPITULO - III

A História do “Mensageiro do Ar, e o Serviço Social prestado por esse Programa ao Estado de Roraima.
3. A HISTORIA DO PROGRAMA “O MENSAGEIRO DO AR”, E O SERVIÇO SOCIAL PRESTADO POR ESSE PROGRAMA AO ESTADO DE RORAIMA.

O Programa O Mensageiro do Ar é o nosso objeto de estudo. Falar sobre sua história, seus revés,formato e apresentação, tornou-se imperativo para que se conheça a dimensão do Serviço Social prestado pelo Programa ao povo roraimense. No tecer dos fatos, no emaranhado das notícias e no embasamento fidedigno das informações prestadas pelos que fizeram ( e pelos que fazem até hoje) o Programa, justifica-se a importância da escolha deste tema.
Quem conhece esse ex-Território é testemunha de que até 1957 a imensidão do lavrado era cortado por poucas estradas e pequenas pontes de madeira. O meio de transporte mais usado à época ainda era o cavalo. Posteriormente o Governo Territorial cedeu um caminhão para o transporte de produtos hortifrutigranjeiros do interior para a capital. O agricultor transportava de carroça a sua produção ate a estrada mais próxima. Até ficava a mercê do tempo à espera da passagem do veículo. E, muitas vezes, por falta de um calendário rígido e de divulgação, a produção- composta em parte, por produtos perecíveis, - deterioráva-se e perdia-se todo o trabalho de uma safra.
Conta Laucides Oliveira, jornalista roraimense que “uma carta, encomenda ou mesmo medicamento, levava, às vezes, até 20 dias para chegar ao destinatário.
Em face das inúmeras dificuldades de comunicação para o interior do Território, o Governo, quando necessitava divulgar algo importante, como envio de equipe médica, técnicos agrícolas ou liberação de recursos para agricultura, mandava esses avisos para a Radio difusora do Amazonas, pelo avião da Cruzeiro do Sul que vinha a Boa Vista de 15 em 15 dias. De Manaus, via Programa de Recados daquela emissora, os avisos eram veiculados para este Território.Os agricultores, com seus radinhos, ficavam à espera todas as noites, dos Recados do Governo, ou mesmo de familiares que iam a Boa Vista e utilizavam do mesmo recurso de envio de mensagens.
Com o advento da primeira emissora de rádio em Boa Vista em 1957, o riobranquense transferiu a audiência da Difusora do Amazonas para a Difusora de Roraima.
E com as primeiras atividades da emissora, o Diretor - Artístico Dirson Félix Costa, atendendo as necessidade do momento, criou o Programa “O Mensageiro do Ar”.
Antes, no biênio 1955/56, quando dirigia o serviço de notícias governamental, em uma saleta da Escola Lobo Dalmada, através de alto-falantes,o Maesto Dirson Costa havia criado “Mensagens Radiofônicas”, um ‘Programa” musical mesclado com divulgação de notícias do governo para o público riobranquense. Em 1956 , por determinação do Governo do Território, o serviço de Alto-falante, casulo da futura emissora, começou a receber novos equipamentos e se transforma, precariamente, na “Difusora de Roraima”, com menos de 1 Kilowatt de Potência.
Em 04 de janeiro de 1957, a “Emissora”foi transferida para um dos pavilhão internos da Divisão de Educação, e “Programa “Mensagens Radiofônicas” foi extinto.
Em 20 de Janeiro de 1957, com a inauguração oficial da Radio Difusora, o Maestro Dirson Costa criou o Programa “O Mensageiro do Interior”, a exemplo de Programas similares existentes em emissoras de outros Estados. E assim, com esse nome”Mensageiro do Interior”permaneceu no ar até 1962.
Em 1962, com a mudança do nome de Território Federal do Rio Branco, para Território Federal de Roraima (Lei n° 4.182, de 13 de dezembro de 1962, de autoria do ex- Deputado Federal Valério Caldas de Magalhães), o Diretor da Emissora senhor Áureo Odilon de Souza Cruz, extinguiu o Programa ”O mensageiro do Interior”, em em seu lugar criou o Programa “O Mensageiro do Ar”, para dar maior imponência ao Programa que vinha recebendo cartas, sêlos, cartões postais, fitas gravadas e cartas com transcrições inteira da Programação da Difusora , enviadas por rádio-ouvintes estrangeiros. E mais, através do “Mensageiro”, os Recados “voavam” além da fronteira do Território, na voz de Valdemir Cavalcante, o primeiro apresentador do Programa “O Mensageiro do Ar”, por mais de 10 anos.
É verdade que havia um rodízio na apresentação (Altair Souza, Damásio Douglas, Agamenon Magalhães, Reis Brandão, Máximo Pereira, Maris Mota, Tacilio Aires, entre outros). No entanto foi Vlademir Cavalcante que conseguiu resumir, com sua voz, por muitos anos, a importância do “Mensageiro do Ar”. Aliás, não só o principal apresentador, mas um “Professor” para muitos futuros locutores. O sucesso de Valdemir Cavalcante (falecido no ano passado em Manaus) é Benjamin Monteiro,que apresento o Programa há mais de 20 anos. E, é Benjamin que diz “O rádio foi minha escola, Valdemir Cavalcante e Dorval Magalhães meus Professores, e o “Mensageiro do Ar”é minha prova diária”.
Altair Souza, outro pioneiro da radiodifusão no Estado, diz que, “O grande mérito do Programa sempre foi o de informar com credibilidade e responsabilidade”.
Edmur Oliva, ex-apresentador do “Mensageiro do Ar”, conta que: “no período de 1961 a 1969, divulgava-se a cada noite, cerca de 60 a 80 Recados, chegando, às vezes, a 120, devido às primeiras corridas ao garimpos da região”.
A senhora Nídia de Souza, 32 anos, índia Macuxi, moradora na comunidade Bela Vista a 370 Km de Boa Vista, diz que as 16 famílias de sua comunidade possuem, cada uma um radinho motorola para ouvir o “Mensageiro do Ar”, pois é através desse Programa as notícias da Funai, da Igreja e dos nossos familiares chegam a nossa região no Alto Rio Maú”, finaliza.
Desde o princípio, o Programa procurou cumprir com o seu papel social, prestando serviços à população não só de Roraima, mas também aos grupos humanos vivendo no sul do Estado, na faixa de fronteira com os Estados do Pará e Amazonas, para onde muitos Recados são enviados.
Raimundo Nonato Leda, ex-Agente da SUCAM e hoje professor de 1° Grau na Escola Casemiro de Abreu em Pacaraima, é conhecedor profundo da geografia deste Estado, aprendido quando fazia seu trabalho de vacinação, coleta de sangue e diagnóstico de Malária. E, é ele que diz: “Andei por toda essa região. Casa a Casa. E o Programa “O Mensageiro do Ar” sempre foi o meu guia na divulgação do meu intinerário, antes de empreender as viagens de vacinação”.
Além da contribuição à área social, “O Mensageiro do Ar”, também incentivou e estimulou o desenvolvimento econômico, divulgando matérias de interesse geral: Chegada à Caracaraí de Balsa vindas de Manaus transportando mercadorias (notíciadas pelo radiotelegrafista do Governo, intalado naquela cidade-porto; captada em Boa Vista e retransmitida pelo “Mensageiro do Ar”. A exemplo disso, quase toda a transação comercial de vendas e entrega das mais diversas mercadorias, feitas na época para o interior, eram divulgadas através de mensagens radiofônicas (ou Avisos como eram chamados) aos interessados. Esses avisos foram e continuam sendo de suma importância pra o ribeirinho, para o índio e para o homem do campo.
Com o fluxo de garimpeiros para o interior do Território no final da década de 50 e início dos anos 60, o “Mensageiro do Ar” divulgava a cotação do diamante. Quanto ao ouro, que por aqui tinha pouco valor comercial, a partir da divulgação do valor da onça de ouro, esse metal começou a despertar tanto interesse quanto o diamante. É o que garante Geraldo Júlio Torreyas, roraimense e ex-Diretor da Rádio Difusora.
No período de 1987 a 1989, no auge do garimpo, o Aeroporto de Boa Vista recebia mais de 100 aviões de pequeno porte, todos os dias, levando e trazendo pessoas que vinham em busca do sonho do “El Dorado”, causando um inchaço populacional de mais de 30.000 pessoas e provocando uma grande movimentação na cidade. E, é claro, com isto, aumentando a necessidade de comunicação para os garimpos das regiões auríferas.
O autor desta Monografia (Francisco Cândido) ex-Diretor da emissora, testemunhou o aumento da arrecadação da Difusora motivado pelos Recados pagos por garimpeiros.
Mas foi Júlio Torreyas que alcançou o “Boom” do garimpo. No período de 1989 a 1990, o Programa “O Mensageiro do Ar”divulgava, a cada noite, mais de 200 Recados. Eram tantos, que não mais se utilizava o formulário próprio e comum, passou-se a usar folhas de papel almaço pautado. O Programa, que vinha sendo apresentado em 1 hora por 1 locutor, foi ampliado para 2 horas e apresentado por 2 e até 3 locutores. As filas em frente a emissora, formada em sua maioria por garimpeiros, eram enormes. A Rádio Difusora passou a viver economicamente da renda dos Recados. “O Mensageiro do Ar” , tornou-se o Programa mais ouvido do rádio roraimense e responsável por 80% da arrecadação e faturamento da Emissora.
Hoje, passada a fase áurea do garimpo, o Programa subsiste com poucos Recados, Notas Oficiais do Governo, Avisos do Poder Judiciário e Notas de Secretarias, principalmente da Agricultura. Detalhes maiores veremos no capítulo IV, que trata de Linguagem ( no ítem 4.4.1) onde abordamos a temática da publicidade, politica e audiência.















CAPÍTULO - IV
4. A LINGUAGEM

O rádio tem, como meio de comunicação linguagem e estilo próprios. Por não contar com o recurso da imagem, o rádio passa a ser um veículo exclusivamente auditivo, no qual a linguagem se estrutura a partir de fontes de produção sonora, constituídas de elementos mecânicos ( o ambiente das emissões, o microfone e o gravador) e de elementos naturais ( a fala, os efeitos sonoros e a música).
Vamos nos fixar apenas nos elementos naturais da linguagem radiofônica, sendo a fala o seu primeiro componente.
Limitação e vantagens estabelecem diretrizes que nem sempre andam unidas, e é nessa decorrência dos fatos que Porchat
[12], propõe o uso de uma linguagem correta que atenda às exigências do rádio como veículo. E acrescenta:
“No confronto das exigêcias do rádio com seu papel de explorador da linguagem está o caminho que procuramos: o do aperfeiçoamento do nosso trabalho no que se refere à forma de transmitir”.
Como se vê, cada vez mais se impõe a necessidade de revalorizar a palavra.
E GAGNE
[13] , afirma: “A palavra humana é a maior expressão criativa do homem, seu ato de encarnação no mundo e sua possibilidade de realizar uma autêntica comunicação com os outros homens”.
E na Rádio Difusora de Roraima, quanto ao Programa “O mensageiro do Ar’, como foi tratada a questão da linguagem?

A escritora paranaense Maria “Nenê” Macaggi , pertencente à Academia Roraimense de Letras, foi a Revisora dos Recados Radiofônicos na antiga Difusora, quando esta funcionava ainda no Teatro Carlos Gomes. E uma de sua preocupações, como ela própria afirma, “era com a linguagem e com a concordância verbal, objetivando primar pela pureza da lingua portuguesa. Até porque, a emissora era co-responsável pela divulgação da cultura nesta terra”
Benjamin Monteiro, conta também que os Recados eram os mais variados possíveis. Tinha até parabenizações por aniversário. Era comum os Recados trazerem mensagens, como por exemplo, neste estilo: “Os passarinhos amanheceram em festa na fazenda São João, bucólica, localidade da região do Amajarí, por estar aniversariando o Sr. Pedro Elias. Sua esposa e filhos desejam que esta data vá ao centenário. E, para seu enlevo, oferecem todas as músicas deste Programa”.
Com o passar dos anos, o tipo de Recado, comumente lido, era dirigido ao agricultor, ao fazendeiro ou para alguma comunidade indígena aculturada. A maioria das mensagens tratava do envio de medicamentos, aniversário, correspondências, avisos de chegada de pessoas à capital de Notas Oficiais do governo. Em virtude de direcionamento dos Recados para o interior e para facilitar o entendimento das mensagens , o texto e a linguagem foram mudando, pouco a pouco , para uma melhor compreensão de quem ouvia, e satisfação de quem passava o Recado.
Edmur Oliva Filho, conta-nos que certa vez, um locutor , ao ler um Recado , trocou a palavra “mãe”, por “genitora”, para não ficar muito repetitivo no texto. Dizia o Recado: “Fulano avisa para sua mãe fulana de tal, que fez ótima viagem , e em Boa Vista já resolveu o que sua mãe mandou-lhe fazer. Aproveita a oportunidade e envia todas as músicas do Programa para sua mãe”. O locutor, de posse deste texto, resolveu inovar: “fulano avisa para sua “genitora” fulana de tal que fez ótima viagem, e em Boa Vista já resolveu o que sua mãe lhe mandou fazer, aproveita a oportunidade e envia para sua genitora todas as músicas do Programa”. Foi o fim da picada. No dia seguinte o rapaz que havia pago o Recado procurou o locutor na emissora, e partiu para briga. “Olhe aqui!”, foi logo dizendo. “Genitora” pode ser a sua mãe, não a minha que até rezadeira ela é”.
Nesse caso específico, quem estava com a razão? O locutor ou o rapaz que pagou o Recado?
Veja o que BORDENAVE
[14] , diz a respeito do assunto: “As mensagens dirigidas a um público rural deve levar em conta as características culturais dos leitores (ou ouvintes) potenciais: Pouco hábito de leitura, interpretação literal e concreta, curto período de atenção, falta de familiaridade com o vocabulário tecnico-científico, etc”.
E BORDANAVE acrescenta: “Deve-se substituir as palavras difíceis por outras palavras equivalentes mais fáceis”. Ele cita como exemplo:
MAIS DIFÍCIL MAIS FÁCIL
Comercialização............................. Venda
Adquirir......................................... Comprar
Requisito........................................ Necessidade
Obstáculo...................................... Barreira
Pelo exposto acima,o nosso locutor exagerou.Onde se viu trocar a palavra “mãe”que é um ente sagrado por “genitora” e ainda, por cima, como o rapaz disse: “uma mãe rezadeira?” não deixa de ser cômico, mas, como BORDENAVE, diz: “É preciso levar em conta as características culturais dos leitores (ou ouvintes)...”.
LAGE
[15] , cita em seu livro Linguagem Jornalística, à pag. 23 , o escritor Luca Brajnovic, da Universidade de Navarra, Espanha:
“É proverbial que o que entra pelo ouvido nos inspira certa dose de desconfiança e insegurança. Tomando isto em conta, o jornalismo de rádio deve ser muito convicente, claro e concreto o tempo todo. Palavra e pensamento não pode espressar nenhuma dúvida, nenhuma vacilação; devem ganhar a confiança dos ouvintes.
Se o “nosso “ locutor tivesse sabido disso não teria trocado a palavra “mãe” por “genitora “. É ou não é?.

4.1 - A POLITIZAÇÃO COMO AGENTE DE INFLUÊNCIA NA LINGUAGEM

Além da linguagem, mudou também o nível de interesse do ouvinte com a politização dos meios de comunicação e a melhoria do nível educacional do homem do campo, reflexo da instalação de inúmeras escolas no interior do Estado.
Se no princípio os Recados eram dirigidos às familias sediadas nos locais mais longíncuos e de difícil acesso , atualmente o nível de interesse mútuo entre a emissora (pertencente ao Governo do Estado), e o ouvinte (agora beneficiado pelo asfalto e por abertura de inúmeras estradas), está atrelado também ao aspecto político. É comum, nos dias de hoje, certos Recados divulgados, tratar de garimpeiros repassando informações de que os companheiros que estavam presos quando trabalhavam no garimpo da Venezuela foram liberados, graças ao encontro do Governador do Estado e de alguns Deputados Estaduais e do Consul da Venezuela em Boa Vista, motivados por “Menções de Repúdio” da Assembléia Legislativa de Roraima.
O Rádio se torna cada vez mais importante na vida do homem, seja ele urbano ou rural. Dentre as várias características do Rádio como mobilidade, penetração, baixo custo, imediatismo, etc, ORTRIWANO
[16], destaca a característica da linguagem oral: “O rádio fala e para receber a mensagem é apenas necessário ouvir”.
O radialista e a atual coordenador de comunicação do Governo de Roraima, Santoro, levanta alguns pontos fundamentais a respeito do veículo:
“O Rádio é um meio de comunicação ágil, apto a transmitir informações rapidamente, e tal especificidade dtem sido levado em conta na Programação de inúmeras rádios que tem dado ênfase ao trabalho de prestação de serviço...”
Em Roraima, nos anos 80, com mais uma corrida de garimpeiros as regiões montanhosas do Tepequém ( a 207 Km de Boa Vista, leva-se, além dos intrumentos necessários à garimpagem, como a batéia, facões (terçado) e gêneros alimentícios não esquecia-se do indispensável radinho de pilha ”o companheiro por excelência”, para acompanhar o Programa “O Mensageiro do Ar”.
“A tenção Goiano, na pista do Vando Preto!
Marazona avisa que sua mulher teve nenê. É um menino e passa bem. Aguarda novos avisos amanhã neste mesmo Programa.
Para que melhor prestação de serviços?
4.2 - A INFLUÉNCIA DO GARIMPO NA LINGUAGEM DO "MENSAGEIRO DO AR"

Com a ebulição do garimpo e dado o interesse financeiro da emissora, face à grande quantidade de Recados, a linguagem foi se modificando para atender o cliente e o ouvinte. O texto deixou de ser poético e passou a ser curto e quase codificado.
Cito como exemplo, o Recado Radiofônico veiculado em outubro de 1991:
" Quando os porcos chegarem, recebam à bala". Esse Recado foi ao ar,enviado por uma pessoa que se identificou apenas como "Maranhão".
O locutor/apresentador do Programa, talvez até inconscientemente, servia de intermeio para esse tipo de Recado, e não sabia (ou sabia ? ) que a Polícia Federal, desde 1990, monitorava a emissora para, através dos Recados, localizar os pontos de garimpo, uma vez que o governo Collor de Mello pôs na clandestinidade, toda a atividade garimpeira em Roraima.
Na época ocorriam muitos incidentes entre garimpeiros e policiais; inúmeras prisões e trocas de tiros. Em face de tais problemas, os garimpeiros, para desorientar a Polícia e a Funai, passaram a usar códigos: "Fusca",era, na verdade, "tartarugas", que o IBAMA proíbe a comercialização. Tantas gramas de "feijão", seria gramas de "ouro".
Veja o Recado transmitido no dia 09/04/96:
" Atenção Racildo, Piaú e Preto !
"Faixa" avisa que segue amanhã a tarde sem falta. Pede que mande o telefone com todos os fios e bateria para fazer conserto. Mande também cento e trinta três quilos de feijão.

Abraços para todos daí.
Por aqui tá tudo bem".
(Fita Cassete, com gravação do"Mensageiro do
"Ar" em 09/04/96.

Vamos por parte. Racildo, Piaú e Preto, são, na verdade, nomes em código. Racildo é um nome adotado, para efeito de Mensagem Radiofônica, pela pessoa encarregada de receber a produção do ouro."Piaú"é a pista do Piauí, uma pista de pouso onde o "Faixa" vai pousar por rápidos minutos para apanhar o ouro recolhido das balsas. E "Preto" , é a conhecida pista do Vando Preto. E "Faixa" é o nome-código de quem está enviando o Recado, mas que os companheiros que ficaram no garimpo, sabem muito bem de quem se trata. Quanto ao"telefone com todos os fios e baterias para fazer conserto", significa: "traga para a pista o maquinário que precisa de conserto em Boa Vista". E, por último: " Mande cento e trinta e três quilos de feijão", é o mesmo que dizer: "mande cento e trinta gramas de ouro".
O garimpeiro José Maria Mota da Silva, veio a Boa Vista para fazer compras e, depois de passar o Recado na Difusora de Roraima, ia se preparar para retornar ao garimpo. Ah! em tempo: o Sr. José Maria, é conhecido no garimpo por "Chupeta", mas quando vem a Boa Vista passar Recados, gosta de adotar o nome de "Faixa " .
Um dos teóricos da Comunicação, Juan E. Diaz Bordenave,O QUE É COMUNICAÇÀO (l989) , afirma que:

" As diferenças transculturais na decodificação dos sígnos, ilustram muito claramente o caráter arbitrário dos sígnos criado pelo homem. Com efeito, cada cultura cria seus próprios sígnos e lhes atribui seus próprios significados. Para que os sígnos comuniquem, deve haver uma convenção ou acordo entre as partes. E isto, é precisamente o papel da cultura ao estabelecer seus códigos".

4.2.1 - O "MENSAGEIRO DO AR", NA MIDIA IMPRESSA

O Programa o "Mensageiro do Ar", não é só um Programa radiofônico, mas, às vezes, personagem central, ou pivô de polêmica, na mídia impressa, senão vejamos:

GARIMPEIROS ATACAM EM RESERVA IANOMAMI

Este era o título de uma matéria publicada no Jornal FOLHA DE SÃO PAULO, edição de 7 de outubro de 1991,(segunda-feira) à pág,10, e trazia, como subtítulo: " Agente da Polícia Federal e um funcionário da Funai foram baleados por garimpeiros na fronteira com a Venezuela".
A matéria iniciava assim: " Um Agente da Polícia Federal e um funcionário da Funai foram baleados no último sábado, durante um tiroteio com garimpeiros na reserva indígena dos ianomami, em Roraima. (...) Sidney Possuelo(Presidente da Funai à época) denunciou que a Rádio Difusora de Roraima, que pertence ao Governo do Estado, induziu a ação dos garimpeiros. A emboscada ocorreu por volta das 9h, ao lado da pista de pouso do garimpo Parafuri, localizada ao norte da serra do Surucucu, perto da divisa entre o Brasil e a Venezuela.(...) Possuelo disse que há três dias a Rádio Difusora de Roraima divulgava a seguinte mensagem durante o Programa chamado "' MENSAGEIRO DO AR", "' Quando os porcos chegarem, recebam à bala ".
( Ver artigo nos Anexos )

DINARTE ACUSA RÁDIO RORAIMA DE ESTIMULAR A VIOLÉNCIA

O título acima era a manchete de uma matéria publicada no Jornal FOLHA DE BOA VISTA, Edição de 08 de outubro de 1991. O artigo iniciava assim:
" O conflito ocorrido no último sábado nas proximidades da Pista Novo Brasil, dentro da Reserva Ianomami, quando quatro agentes federais, três funcionários da Funai e um índio foram atacados por garimpeiros que estavam escondidos na mata foi lamentado ontem pelo coordenador do Plano Operacional de Preservação da Vida Ianomami, Dinarte Nobre Medeiros. (...) chegaram ontem a Boa Vista, além do Presidente da Funai, Sidney Possuelo e do Diretor geral da Polícia Federal Romeu Tuma, mais de trinta agentes federais. (...) Dinarte Medeiro acusou a Rádio Difusora de Roraima de colaborar com os garimpeiros na agressão contra os agentes e servidores que estão atuando na operação. Segundo ele, a Rádio está transmitindo Recados para os garimpeiros que permanecem na reserva, cujo conteúdo (do Recado) incita estes a reagirem com balas à operação de retirada"'.
(...) O Delegado da Polícia Federal (...) Raimundo Cutrim, disse: "Ficamos sabendo deste triste fato através da Rede Manchete, na noite de domingo, que a Rádio Difusora de Roraima, que pertence ao Governo do Estado, estava chamando os garimpeiros para a luta armada com os agentes federais,através da mensagem (Recado): " Se os macacos aparecerem, vamos receber eles com chumbo ".

( Ver artigo completo nos Anexos )

Depois desses incidentes, a Polícia Federal requisitou as fitas gravadas da Rádio Difusora, levando-a a um trabalho exaustivo de ouvir por dias seguidos as gravações do Programa "O Mensageiro do Ar", mas a Polícia não conseguiu identificar o autor (ou autores) dos Recados veiculados.
E o apresentador do Programa, o Radialista Benjamin Monteiro, como ficou nessa confusão toda ? em fogo cruzado. De um lado a Polícia Federal o via como "incentivador" e queria que ele lembrasse e identificasse quem entregou os tais Recados. Por outro lado, havia a pressão dos garimpeiros (até com ameaças de morte) para que Benjamin "não lembrasse". Depois de inúmeras trocas de correspondências entre a Rádio difusora, Polícia Federal,Funai e Procuradoria Geral do Estado, a Difusora foi isenta de qualquer culpa e, finalmente, Benjamin Monteiro conseguiu dormir em paz.
Benjamin, continua a frente do Programa até hoje. E, com uma ponta de tristeza, desabafa:
" Rádio em Roraima é ilusão. Você amplia seu círculo de amizade, mas também é hostilizado por outrem. Além disso, o salário não compensa e há, ainda, muitos para criticar e poucos para ajudar. Na realidade, trabalha-se pelo carinho dos ouvintes, e isto faz com que se venha a gostar da profissão".

4.3 - PUBLICIDADE E AUDIÉNCIA

A situação da Rádio Difusora de Roraima é paradoxal. Embora o seu nível de audiência tenha diminuído consideravelmente na capital, devido, em parte, pela concorrência de outras emissoras, inclusive uma delas com potência autorizada de 10 Khz(Rádio Tropical FM); uma outra em AM na cidade de Caracaraí (Rádio Roraima), e da proliferação de inúmeras antenas parabólicas para captação de imagens de televisão,"a audiência do "Mensageiro do Ar" , permanece inalterada no interior do Estado", é o que afirma Geraldo França, atual Diretor da Difusora, ancorado em informações dos Prefeitos interioranos, com os quais França mantém contatos publicitários e políticos.
Os prefeitos do interior do Estado, quando se dirigem à Boa Vista, costumam passar pela Difusora para uma visita, conceder entrevista, renovar Contratos Publicitários, visando assegurar a divulgação das obras de suas administrações, e enviam Recados pelo "Mensageiro do Ar" para os colonos das inúmeras vicinais, que são lotes de terra, fora da cidade, muito utilizados pelos colonos para produzirem alimentos e fixarem moradia.
Nesta via de mão-dupla, a Difusora presta um serviço social, um apoio político e um afago na coligação partidária do Governo, já que a maioria dos Prefeitos fazem parte do partido político do Governador (PPB), ou, no mínimo, tem afinidade. Em contrapartida, a Difusora é beneficiada com a publicidade, que significa aumento no faturamento e garante a audiência no interior. Tal manobra vem, indiretamente, beneficiar o Programa "O Mensageiro do Ar" com melhor arrecadação. Mesmo que o Recado veiculado não tenha cunho político, já que a maioria dos Recados, passados pelos Prefeitos, digam respeito às visitas que eles farão em determinada vicinal ou comunidade, um Deputado oposicionista chegou a se referir ao Programa como "Mensageiro Político". "O que não é verdade", rebate o Diretor da Emissora,Geraldo França. " é apenas intriga da oposição", diz França,com um sorriso maroto.

4.3.1 - PUBLICIDADE, POLITICA E AUDIÉNCIA

Iniciamos este parágrafo fazendo a seguinte pergunta:"até que ponto a publicidade e a política influem na audiência"?
Em todo o Brasil, a radiodifusão é explorada comercialmente. Isto em tese, pois o que vemos por aqui, em Roraima, nada mais é do que uma heterogeneidade da exploração estatal mesclada com a comercial influindo na Programação das emissora, que tem, sem exceção, características eminentemente políticas: determinada Rádio só permite entrevista a políticos ou pessoas que tenham algum vínculo com o Partido do dirigente maior da emissora. Outra, dá ênfase ãs realizações positivas da Prefeita, enquanto a Difusora alardeia os aspectos construtivista do Governador, e assim por diante.
Como estamos falando em Difusora, é bom lembrar, até pelo caráter estatal, desde o início de suas atividades, a preocupação mercantilista não está presente, e o quadro de valores que determina os conteúdos programáticos não é fixado por critérios econômicos, mas por dogmas, representados não mais pela publicidade comercial, mas pela propaganda institucional.
Em caminho oposto trafega a Rádio Tropical ( ex-Rádio Nacional FM ), predominantemente comercial, com pitadas políticas do Partido da Frente Liberal-PFL, no qual, o Deputado Federal Luciano de Castro- um dos donos da emissora-, milita, mas deixa amplo espaço para a publicidade. E haja publicidade. Quando o locutor diz: " um espaço para os nossos comerciais", pode-se desligar o rádio e retornar depois de 15 minutos.
Em termos teóricos, o complexo publicitário não deveria influenciar o conteúdo dos meios de comunicação de massa. Mas, na prática, a pressão exercida pelos anunciantes é muito nítida. Assim, tanto na "estatal", como na "comercial", a publicidade subvenciona os meios de comunicação de massa, e consequentemente, condiciona os seus conteúdos.
Como em toda regra há exceção, o Programa "O Mensageiro do Ar" passa longe de toda essa polêmica. O conteúdo dos Recados não é trabalhado jornalisticamente como forma de notícia para favorecer este ou àquela pessoa, ou a determinado partido político. Os Recados são veiculados à moda do mensageiro ( mandante do Recado), pois somente este é capaz de enviar uma mensagem que lhe é própria e que é reconhecida por aquele que a recebe. Talvez, por essa peculiaridade, o "Mensageiro do Ar", tenha audiência garantida.
É sabido que o poder econonômico e a influênica política penetram em todos os setores da radiodifusão. No entanto, com o Programa "O Mensageiro do Ar", isto não aconteceu. E, se por ventura em algum momento aconteceu, foi difícil identificar na prática. O Programa sempre manteve o seu atual formato: Recados, intervalo diminuto - entre a primeira e a segunda parte para veiculação de uma ou duas músicas e dos patrocinadores, com alguns institucionais de Secretarias do Governo, em seguida volta o locutor com a segunda parte para veiculação dos últimos Recados. "Assim foi e assim será", garante Barbosa Junior, Diretor de Operações da Rádio Difusora e há mais de 10 anos como funcionário da emissora.
E hoje, como está a situação da Difusora e a audiência do "Mensageiro do ar "? vamos por parte.
Quando o primeiro Governador Ener Garcez dos Reis chegou a Boa Vista, em 20 de janeiro de 1944, a cidade tinha apenas 5.000 habitantes e o Território, como um todo, 15.000 hab. Para atender esse contingente ele implantou o primeiro serviço de Alto-falante, na Prelazia, tendo como únicos equipamentos: um gravador, um amplificador, um toca-discos e um mícrofone, além -é claro- dos Alto falantes (cornetas de som) distribuidos em pontos estratégicos, para que as notícias de sua administração, mescladas com músicas clássicas e populares, pudessem chegar ao maior número de pessoas. Não obstante, " era o futuro batendo à porta dos ouvintes roraimenses", diz Cícero Melo, o primeiro locutor desse serviço.
Roraima hoje, possue uma área de 225.116,1 Km2, com 15 municípios, sendo 8 já existentes e 7 a ser instalados após as próximas eleições para Prefeitos. A população, de acordo com o último Censo, é de 262.200 habitantes. Mesmo assim, a densidade demográfica é de apenas 1,11 hab/Km2, a menor do Brasil.
Na área de Comunicação, Boa Vista dispõe do que há de mais moderno neste setor: telefonia convencional e celular, canais retransmissores de sinais de televisão (6), 03 emissoras de Rádios ( +1 AM em Caracaraí), 2 Jornais diários e Serviços de Correios.
E a Difusora ?, como é que fica neste emaranhado de órgãos divulgadores e competitivos ?, primeiro, é preciso lembrar que a Radiobrás, ao absorver a Difusora e implantar a Rádio Nacional de Boa Vista, o fez com equipamentos já utilizados por outras emissoras; com transmissores que requeriam (e requer) "remendos" constantes. E, segundo, o Governo Estadual, ao sinalizar a compra da emissora, transformando-a em Fundação, só pagou uma parcela e nunca teve a preocupação de adquirir equipamentos modernos. Os transmissores existentes, são de décadas passadas, e só se mantém de pé, por obra e graça das Gerências e dos técnicos que fazem milagres para que a Difusora entre no ar todos os dias, das 04h até meia-noite. Já houve época em que a Difusora ficava inativa por dias seguidos devido a falta de equipamentos, principalmente válvulas da Empresa IVAPE, única fabricante e fornecedora, com sede no Rio de Janeiro. Assim, não há Programação que se segure.
E os comerciantes ?, preferiram divulgar em outras emissoras (principalmente na Rádio Tropical, uma FM de iniciativa privada e com uma boa estrutura organizacional e de Programação). Comparando com outras emissoras, aqui incluindo também a Rádio Equatorial e as emissoras de Televisão, o comercial que entra hoje na Difusora não daria para pagar nem a Folha do final do mês. Sorte que a maioria dos funcionários pertencem ao Quadro da União, mesmo com os registros em Carteira os mais diversos: Auxiliar de Portaria, Auxiliar Administrativo, etc, já que a profissão de Radialista não faz parte do Quadro funcional da União, e tampoucou a Radiobrás, à época que incorporou a Difusora, se preocupou ou mesmo permitiu o sindicalismo dos seus funcionários, nem o Governo Estadual deixa de dormir por tal problema. Consequentemente os salários são baixos. Se não pertencessem à União, muitos deles já teriam mudado de profissão.
Com tantos problemas não é difícil entender porque a emissora perdeu o lugar de " Ràdio do Povo ", " Super-Ràdio Roraima", e outros adjetivos, com os quais alguns Diretores mais otimistas gostavam de se referir à Difusora.
O Governo Estadual continua subvencionando a Rádio Difusora, a qual está subordinada à sua Coordenadoria de Comunicação. E o "Mensageiro do Ar", se não fosse veiculado por uma emissora em AM, além de ter se tornado uma tradição ouví-lo, já teria desaparecido do Mapa de Programação. No auge do garimpo, no biênio 89/90, em uma só noite chegou-se a divulgar mais de 200 Recados.
Hoje divulga-se 278 Recados por mês. Concordo com a tese de que havia um fluxo de garimpeiros, etc, etc, mas acredito que se o Governo Estadual despendesse maiores recursos para a Emissora e viabilizasse a compra de equipamentos mais modernos, o sinal da emissora seria mais nítido, principalmente na capital, atualmente com uma audiência reduzida. Ou, radicalmente, devolver à Radiobrás ou entregar à iniciativa privada.
Apesar de tudo isto, o "Mensageiro do Ar", permanece ativo. Não tem o mesmo número de Recados de antes, mas, a despeito da telefonia rural e de outros meios de comunicação no interior, sua audiência é constante, e por isto, não é só o " Correio Sonoro", mas é, e continuará por muitos anos, como o hífen - o traço de união - entre o passado e o futuro; o elo de ligação entre a capital e o interior: um verdadeiro " Mensageiro do Ar".
Para confirmar tal assertiva, mantivemos contatos telefônicos com diversas pessoas em vários municípios. Os telefonemas não foram dirigidos. Os números foram escolhidos aleatoriamente no Catálogo Telefônico:

01) - São Luiz do Anauá ( a 298 Km de Boa Vista)

Telefones: 237-l159 contato: Jozina da Silva Almeida
237-1141 contatos: Cleonice Mendes Rego, Assisa Silva de Souza, Igor Fabian Amaral Lima.
Informação: O sinal da Difusora chega forte pela manha, e à noite. O “Mensageiro é ouvido principalmente nas vicinais.Gostam muitodo Programa”.

2) - São João do Baliza (a 313 Km de Boa Vista)
Telefones: 235-1207(Deodato Feitosa dos Santos - Presidente do Sindicato dos Produtores e da Associação dos Agricultores)
Informação prestada: O sinal da Difusora chega bem a noite. Nas vicinais “O Mensageiro” é ouvido todas as noites, pois interessa não só aos agricultores, mas também aos técnicos agrícolas que dão assistência naquela área produtora.
235-1207 (Edmilson Barbosa da Silva - Almoxarife da Prefeitura)

Informação Prestada: Durante o dia o sinal da difusora é bom principalmente as 6:00 horas. O restante do dia não se capta mais, devido talvez, pelo sinal da retransmissora da “TV Globo”. Nesse período a maioria das pessoa ouvem a Difusora do Amazonas.
Quanto ao “Mensageiro”, sempre escuta para saber notícias de familiares em Boa Vista, uma vez que não chegam no município, jornais e revistas. Em face disto, fica sem notícias de Boa Vista. O único elo é “O Mensageiro do Ar” que a família se serve para mandar Recados dirigidos a ele.

3 - Normandia: (a 185 Km de Boa Vista)
Telefone: 262-1144 (Cliston Reis - Chefe de Gabinete da Prefeitura)
Informação prestada: A Dífusora, praticamente é ouvida o dia inteiro, o sinal é bom. Quanto ao “O Mensageiro do Ar” que a família tem audiência garantida: as pessoas estão sempre ligadas a ele devido os Recados que vem de Boa Vista. O ônibus não traz mais jornais de Boa Vista. O Mensageiro traz , não só Recado , mas também algumas notícias importantes, principalmente sobre “Operação Documentos, e sobre Vacinação”.

4) - Bonfim (a 125 Km de Boa Vista)
Telefones: 252-1375... Sr Bita (Nilza Peres Pataira)
Informação prestada: O sinal , durante o dia, chega fraco mas a noite melhora bastante. Quanto ao “Mensageiro do ar”, é bastante ouvido, principalmente nas vicinais, onde quase todo mundo tem um radinho motorola.

5) - Pacaraima (a 214 Km de Boa Vista)
Telefone: 292-1194 ( Maria Domingos Azevedo)
Informação prestada: O sinal da Difusora chega com dificuldades. Vez por outra deixa de ser captado. Melhor recepção ocorre a noite. Ouve o Mensageiro o mensageiro do ar com frequência. Já recebeu Recados através do Programa.

6) - Caracaraí (a 135 Km de Boa Vista)
Telefone: 232-1421 (José Benfica Gonçalves - Diretor de Programação e locutor da Rádio Roraima de Caracaraí)
Informação prestada: O sinal da Difusora chega muito bem em Caracarai. Mantém um aparelho de rádio ligado diuturnamente na Difusora de Boa Vista. Algumas notícias veiculadas no “Mensageiro do Ar”, são retransmitidas na Rádio de Caracarai, principalmente, as notícias de pagamento, vacinação, operação documento e outras.

Pelo exposto fica confirmada a audiência do Programa “O Mensageiro do Ar”no interior do Estado, e dizer ou escrever mais algumas coisa sobre este aspécto seria redundância.

ANALISE DO PROGRAMA “MENSAGEIRO DO AR”

“O Mensageiro do Ar”
Locutor: Benjamin Monteiro
Horário: 19 Horas
Durações: 30

O Programa “O Mensageiro do Ar” é composto por dois blocos, envolvendo o discurso falado, publicitário e musical.
Desde o início “O Mensageiro do Ar”, tormou-se o primeiro sistema de comunicação de massa do ex-Território Federal do Rio Branco a prestar serviço à pupulação do Estado de Roraima.
O Programa constitui-se, basicamente, de Recados, Avisos e Vinhetas Institucionais. Enfim, caracteriza-se por ser um Programa de cunho jornalístico eminentemente informativo. Os anunciantes são a Polícia Federal, Governo do Estado, e todas as suas Secretarias, além do Judiciário na destinação, os comerciais propriamente ditos, e Recados voltados para o interior.
No final dos anos 80, o Programa iniciava às sete da noite e encerrava-se às vinte e tres horas, para atender ao grande número de Recados enviados as regiões de garimpo. Com a ilegalidade desta atividade garimpeira, decretada pelo Governo Federal, diminuiu sensívelmente o número de Recados para as regiões de serras, dada a ausência de garimpeiros na área.
Hoje, o Programa, tem atualmente, apenas 30 minutos de duração. No entanto, o horário é flexível adequando-se ao número de Recado da noite, podendo ampliar-se por uma ou duas horas, se necessário for.
O seu formato se dar em dois blocos.O primeiro, composto de 15 minutos com intervalo para veiculação de música e comercias. O segundo, para veiculação dos Recados pagos para serem divulgados mais de uma vez.

ANÁLISE QUANTITATIVA

a) Discurso Falado: O Programa “O Mensageiro do Ar”, é do gênero informativo. Um espaço para o envio de mensagens a população interioranas. O enfoque é dado à comunicação para o meio rural.
O apresentador tem participações através da leitura dinâmica das Notas e Recados, ficando os efeitos sonoros a cargo do operador de áudio de plantão (Sonoplasta). As mensagens são as mais simples possíveis. Os textos não recebem nenhum tratamento jornalístico para que se amoldem como forma de noticiário; são veiculados à moda do mensageiro (mandante do Recado), pois somente este é capaz de enviar uma mensagem que lhe é própria e que é reconhecida por quem a recebe, mesmo sendo em código, artifício muito utilizado por garimpeiros para dificultar o trabalho da Polícia Federal em identificar suas áreas de atividades. Como diz Epstein (1986;17)

“O conhecimento do código deve preceder no máximo ser simultâneo à troca de mensagens. Um código destinado à comunicações deve ser constituido basicamente por sinais industriais distinto entre si. Esta condição é indispensável para que ele possa servir como instrumento de transmissão de variedade”.

Discurso Falado
Discurso Falado
Médio Bloco
Tempo Parcial
Tempo Total
Locutor
2
15’
30’

-
-
30’


Discurso Musical
Discurso Musical
Médio Bloco
Tempo Parcial
Tempo Total
Música
1
3’ a 4’
3’ a 4’
Vinheta da Emissora
1
3’
-
Vinheta da Abertura
1
3’
-

Discurso Publicitário
Discurso Publicitário
Médio Bloco
Tempo Parcial
Tempo Total
Institucional
2
30”
-
Comercial
2
30”
-
Recados
2
30”
-


























CAPÍTULO - V
5. analise do conteúdo

Ao Analisar a história do Programa “O Mensageiro do Ar”, chega-se a conclusão de que o Programa, desde o seu início, tornou-se o primeiro sistema de comunicação de massa do ex-Território Federal do Rio Branco e o primeiro grande Serviço Social do Estado de Roraima. E, por ocupar tal posição, entre os diversos meios de comunicação hoje existentes, recai sobre ele a responsabilidade de manter a mesma fidelidade, para com seus ouvintes: informar adequadamente à opinião pública aqual depende permanentemente e cada vez, com mais intensidade dos serviços por ele prestados, e com a eficiência de sempre.
Essa constatação suscita uma constante preocupação por parte da direção da emissora e do apresentador: do papel social que o Programa representa não só para capital como para o interior do Estado.
O desafio maior é manter a mesma credibilidade adquirida ao longo dos seus 39 anos, com audiência suficiente para captar a publicidade necessária , afim de mante-lo permanentemente no ar. Essa escala de prioridades é observada para que se fomente um maior faturamento, base de sustentação da emissora, indenpendentemente do apoio financeiro do governo estadual, que absorve parte das despesas com equipamentos para Difusora.
Pela própria dinâmica do Programa onde o estilo se reflete na linguagem pitoresca que caracteriza cada Recado radiofônico, a locução preserva o texto que chega na portaria da emissora; raras vezes alguns Recados foram reescritos para melhor se adequar à semântica ou a concordância verbal.

As mensagens são as mais simples possíveis. Os textos não recebem nenhum tratamento jornalistico para que se amoldem como forma de notícias: são veiculados à moda do mensageiro (mandante do Recado), pois somente este é capaz de enviar uma mensagem que lhe é própria e que é reconhecida por aquele que a recebe, mesmo sendo em código, um artifício muito utilizado por garimpeiros para dificultar o trabalho da Polícia Federal em identificar suas áreas de atividades. Ao evocar o termo “Código”, lembrei-me do escritor Isaac Epstein, no Livro Teoria da Informação, ed. Ática, São Paulo, 1986:

“O conhecimento do Código deve preceder ou no máximo ser simultâneo a troca de mensagens. Um código destinado a comunicação deve ser constituido basicamente por sinais individuais distintos entre si. Esta condição é indispensável para que ele posssa servir como instrumento de transmissão de variedades”.

Aqui se faz míster registrar que nem todo Recado é codificado e tampouco nem todo garimpeiro lança mão de tal artifício.
“Atenção Maranhão no garimpo do trombeta! Zacarias avisa para você vir urgente para resolver o aluguel da sua casa, por que o cara deve seis meses e ele só quer pagar para você”.
(Recado n° 09833,veiculado em 09.04.96)
“O mensageiro do Ar”, apresentado de segunda a sábado, das 19:00 as 19:30, traz em seu bojo, alguns Recados que são verdadeira declarações de amor:
“Atenção Goiano na barraca 50!
Ilda Avisa que você é a melhor coisa que está lhe acontecendo há mais de 4 anos. Seu jeitinho lhe conquistou.Você sabe dizer tudo que ela deseja ouvir.As vezes ela tenta lhe provar que as coisas não são como você pensa. Para ela só existe você e só quer você.
Apesar das brigas, ela te ama muito.
Beijos e abraços, manda todas as músicas do Programa”.
(Recado veiculado em 20.03.95)
Há também aqueles que são verdadeiros criptogramas:
“Atenção Mário e Parimé, no Limpo da Boa Macaca!
Jiquitaia e Justino, pedem para vocês fazerem bastante fumaça pela parte da manhã pois ele não se encontra mais por aqui. A mais está tudo bem. Avisa que vai jogar a maraca dentro da boca do serviço perto da barraca”.
Nesse aviso acima citado, com esforço de raciocínio, pode se imaginar que “Mário e Parimé” são nomes codificados ou apelidos de quem ficou na região do garimpo ‘(no caso, os companheiros); Mário e Justino são nomes próprios no entanto, Jiquitaia é um termo indígena, que significa pimenta malagueta torrada em pó (ou batida em pilão , até virar pó) para se comer com damorida que é uma iguaria de peixe com bastante pimenta; Parimé é um afluente do Rio Branco. Limpo da Boa Macaca, é uma clareira construída pelos próprios garimpeiros onde armam suas barracas, E, por último: “vai jogar a maraca dentro da boca do serviço perto da barraca”. Significa que os companheiros deverão ficar atentos para a chegada do avião, pois “Jiquitaia” e “Justino” vão “jogar a maraca”, isto é, vão jogar (lançar, e fazer lançamento, termos que significa a mesma coisa para o garimpeiro) a “Maraca”, que é o nome que o garimpeiro dá ao pacote, embrulho ou volume de mercadoria, que é empurrado com os pés, de dentro do avião que , quando sobrevoa o limpo (a clareira) sinalizada pela fumaça, têm aberta a porta e a encomenda é lançada para o solo. Interessante é que essas mercadorias, lançadas de avião em vôo baixo chegam, na sua maioria, intactas no solo.
Enfim tentamos traduzir os significados das palavras empregadas, mas não conseguimos identificar quem é que está enviando ou recebendo o Recado, e tampouco onde fica esse tal lugar “Limpo da Boa Macaca”.
Mas não é só de Recados para garimpeiros que vive o Programa. As Notas da Justiça, chamando alguém para depor; institucionais do Governo; Recados para fazendeiros tratanado de envio de medicamento para o gado; Recados da FUNAI - Fundação Nacional do Índio para algumas comunidades indígenas ou avisos da FAER- Federação da Agricultura do Estado de Roraima para agricultores. Em meio a tudo isso , insere-se, como não podia deixar de ser, a publicidade e a veiculação de música.
Houve época em que o Programa iniciava as 19:00 h e se prolongava até as 23:00 h no final dos anos 80, devido a corrida ao ouro das regiões de serra. Hoje , dada retirada de centenas de garimpeiros pela Polícia Federal e a ilegalidade da garimpagem em terras indígenas de Roraima, restam poucos garimpeiro exercendo essa atividade no Estado. E o Programa tem atualmente, apenas 30 minutos de duração. Sendo que, 15 minutos de avisos , um intervalo para poucos minutos para veiculação de comerciais e de uma música, e a leitura da segunda parte dos Recados para ser divulgados mais de uma vez. Os outros 30 minutos, que antes pertenciam ao “Mensageiro do Ar, é preenchido pelo Programa “Roraima Rural”, de responsabilidade do Departamento de Assitência Técnica e Extenção Rural-DATER, um órgão da Secretaria de Agricultura do Estado de Roraima. Programa este, apresentado por Adonias Rodrigues e Thomaz Neto, funcionários públicos que divulgam assuntos sobre remanejamento de plantação, atendem cartas de agricultores, dão dicas de como plantar determinadas sementes, etc.
Quanto ao “Mensageiro”, mesmo com a perda da metade do tempo de veiculação, continua no ar todas as noites, com exceção dos domingos, na voz de Benjamin Monteiro, como fonte informativa para o homem do interior. “O Mensageiro” perdeu parte do tempo mas o povo não perde seu tempo em ouvi-lo. É um Programa que divulga Recados e avisos de interesse público, e de certa forma orienta, através das suas mensagens, a coletividade interiorana em suas atividades diárias”, diz Benjamin, que apresenta o Programa há mais de vinte anos.
Barbosa Junior, Diretor de Operações da Difusora, tem uma explicação bastante plausivel para esta questão do horário do ‘Mensageiro do Ar”. Na realidade”, diz Barbosa , o “Mensageiro do Ar”, dado a sua importãncia, para o homem do campo, é o único Programa da Difusora que não tem tempo determinado para terminar. O número de Recados a ser veiculados na noite é que limita o tempo de duração do Programa. O início acontece sempre às 19:00h e depende da quantidade de avisos, Recados e Notas do Governo. O espaço do Programa existe para bem servir à população interiorana. Se necessário for, o Programa pode se prolongar até às 23:00 horas ou mais. Atualmente, 30 minutos foram cedidos à Secretaria de Agricultura para o Programa “ Roraima Rural” mas isto não significa que, se necessitarmos de ocupar este espaço com Recados do “ Mensageiro ” não o façamos. O tempo do
“Roraima Rural” está limitado ao término do “Mensageiro do Ar” e o início do Programa subsequente. A prioridade é para o “Mensageiro do Ar”finaliza Barbosa Júnior .





















CONCLUSÃO

Ao longo deste trabalho aprendi a admirar a seriedade, o zelo pela informação correta e sensibilidade dos que fizeram e fazem o rádio roraimense. Essas atitudes dignas dos grande profissionais, me permitiram ir ao encontro de pessoas que se achavam à margem do reconhecimento histórico da Rádiodifusão no Estado. Nesta pesquisa não me contentei em recuperar informações até aqui dispersas sobre o rádio de outros tempos, mas procuro iluminar, com a clareza dos textos, os temas mais preementes desde que, como ficou provado nesta pesquisa histórica, “O Mensageiro do Ar”, por excelência, é o Programa de maior credibilidade para todos Roraimaneses, e não obstante a existência de outros meios de divulgação de notícias, continua sendo “O elo de ligação entre a capital e o interior”.
Seriedade, prestatividade e fidelidade para com o ouvinte são alguns dos pilares nos quais o Programa se sustenta.
Por sua função e papel social, desempenhados ao longo destes 39 anos de existência, pode-se , finalmente, elegê-lo como um dos principais artífices do desenvolvimento sócio-econômico deste Estado. A ele, por seu passado histórico e futuro promissor, se deve prestar - com a devida reverência - o respeito e a adminiração a que merece um Programa radiofônico de caráter eminentemente rural, mas que tem na capital o seu elo emissor de notícias e de informações fidedignas para o homem do campo.

É o que se pode concluir após a realização desta pesquisa monografica.

Bibliografia

01) Bordanave, Ruan E. Diaz. “O que é comunicação Rural”, Brasileirense, 1989.

02) BRASILEIRA, Constituição de 1988 - Cap. V (DACOMUNICAÇÃO SOCIAL), Art. 223, Parágrafo 3°.

03) COHN, Grabriel. In: “O Papel Social do Rádio”,1979,pag. 62

04) ERBOLATO, Mário L. e Barbosa, e J.C. “A Radiodifusão Brasileira”. In: ERBOLATO M. (Comunicação e Cotidiano), Campinas, Papirus, 1984

05) EPSTEIN,Isaac. “Teoria da Informação”, Ed. Ática, S. Paulo, 1986.

06) FREITAS, Luis Aimberê Soares, “A História Política e Administrativa de Roraima (1943-1985). Ed. Umberto Calderaro Ltda. Manaus, 1993, e “Geografia e História de Roraima, GRAFMA, Manaus, 1996.

07) FOLHA DE SÃO PAULO, Jornal, edição de 07de outubro de 1991, pag. 10

08) FOLHA DE BOA VISTA, Jornal, ediçãode 08 de outubro de 1991.

09) LIMA, Zita de Andrade, in: “Dissertação de Mestrado” Universidade de Brasaília,1967,e - “Regionalização do Rádio e Desenvolvimento Nacional ”. In. “Vozes”, ano 63. n° 01 Petropolis.

10) LAGE, Nilson, “Linguagem Jornalistica”, 2 Ed. Editora Ática, Série Princípios paginas 05 e 23.

11) MAGALHÃES, Dorval de, “Roraima Informações Históricas”. Ed. Graphus,Rio de Janeiro/RJ, 1996.

12) McLuhan, Marshall, “Os Meios de Comunicação Como Extensõesdo Homen”, 10Cr. ed. Ed. Cultrix, S. Paulo 1995.

13) MADRID, Andre Casquel, “Aspectos da Teleradiodifusão Brasileira”, S.Paulo. ECA/USP, 1992. Tese ( Mestrado).

14) ORTRIWANO, Gisela Swetlana. “A Informação no Rádio”: Os Grupos do Poder e a Determinação do Conteúdos. 2° Ed. S. Paulo Summus, 1995.

15) SANTOS, Maria Salett Tauk,. “Rádio no Brasil: O Discurso da Modernização sem Mudança” e “A Ideologia do Comunicador de Rádio Ruiral”. Recife, UFRUPE, 1992. Tese (Mestrado).

16) SEDUC. “O Município de Boa Vista: Sinopse, Boa Vista,!984.

17) SANTORO, Luiz Fernando. “Rádios Livres: O uso Popular da Tecnologia”, In.: Comunicação e Sociedade, S. Paulo. EDUSP, 1971.























A N E X O S















QUESTIONÁRIO PARA A COLETA DE DADOS



1) - Como se seu a instalação da primeira emissora de rádio em Roraima ?
2) - Qual a influência da Radiobrás sobre a Difusora de Roraima ?
3) - Qual a história do Programa “O Mensageiro do Ar” ?
4) - Qual o Papel Social do Programa “O Mensageiro do Ar” ?
5) - Qual a contribuição do Recado radiofônico do “O Mensageiro do Ar” ? para o desenvolvimento sócio econômico do estado de Roraima ?
















RADIO DIFUSORA DE RORAIMA
PROGRAMAÇÃO DE 2 A 6 FEIRA

04:00 às 06:00 hs Bom Dia Roraima (MIGUEL BARROSO)
06:00 às 07:00 hs Assembléia De Deus
07:00 às 08:00 hs JORNAL DO RÁDIO (DORVAL ARMANDO)
08:00 às 10:00 hs A VOZ DO POVO(WILTON LIRA)
10:00 às 11:00 hs BENJAMIN MONTEIRO
11:00 às 12:00 hs O AMIGO DO POVO (JOSÉ MARIA)
12:00 às 12:30 hs NOTICIÁRIO (COMANDO RORAIMA DE NOTÍCIAS)
12:30 às 13:00 hs ESPORTE
13:00 às 13:30 hs GÔTA SERENA (DAGMAR RAMALHO)
13:30 às 15:00 hs SHOW DO POVO (JAUSER RENIER)
15:00 às 17:00 hs PONTO DE ENCONTRO (MARCIA SEIXAS)
17:00 às 18:00 hs GERAÇÃO (FRANCIS SOUZA)
18:00 às 19:00 hs A Voz Do Brasil (EMBRATEL)
19:00 às 20:00 hs O MENSAGEIRO DO AR (BENJAMIN MONT.)
20:00 às 21:30 hs SHOW DA NOITE (BENJAMIN MONTEIRO)
21:30 às 22:00 hs IGREJA DEUS É AMOR (EVANGÉLICO)
22:00 às 22:30 hs IGREJA UNIVERSAL DO REINO DE DEUS (EVANG.)
22:30 às 23:00 hs VAGO (ESPAÇO MUSICAL)
23:00 às 23:30 hs JORNAL NACIONAL (EMBRATEL)
23:30 às 24:00 hs MÚSICA POPULAR BRASILEIRA


PROGRAMAÇÃO ALTERNATIVA PARA O FINAL DE SEMANA

s Á B A d o

07:00 às 08:30 hs. -MANHÃ TOTAL - IZAAC NOGUEIRA
08:30 às 09:30 hs. -LETRAS DE 0UR0 - GLAUBER BATISTA
09:30 às 11:00 hs. -TEMPO DE EMOÇÃO - ADAI LTON GALVÃO
11:00 às 14:00 hs. -COMANDO DO INTERIOR-GERALDO FRANÇA
14:00 às 16:00 hs. -RODA VIVA - BARBOSA JÚNIOR
16:00 às 17:30 hs. -FLASH ßACK - TONY SOUZA
17:30 às 18:00 hs. -UNIVERSIDADE -
18:00 às 19:00 hs. -SELMA
19:00 às 20:00 hs. -MENSAGEIRO DO AR - ßENJAMIN MONTEIRO
20:00 às 22:00 hs. -EMBALO JOVEM - FRANCYS SOUZA
22:00 às 23:30 hs. -MISTURA FINA . - IZAAC NOGUEIRA
23.30 às 01:00 hs -

D O M 1 N G O

05:00 às 07:00 hs. -RORAIMA RURAL - TOMAZ
07:00 às 08:00 hs. -F.A.E.R.R. -
08:00 às l0:00 hs. -A HORA DO BREGA - ROßERTO BASÍLIO
10:00 às 12:00 hs. -DOMINGO CRIANÇA - FÁTIMA OLIVEI RA
12:00 às 14:00 hs. -CASA DE BAMBA - JORGE ARAGÃO
14:00 às 19:30 hs. -EQUIPE DE ESPORTE -
19:30 às 20:30 hs. -SANTA MISSA - DIOCESE
20:30 às 21:00 hs. -
21:00 às 24:00 hs. -JABER XAUD
24:00 às 0l:00 hs. -SINAL VERDE - DR. AURINO























ESPELHO DO PROGRAMA (O MENSAGEIRO DO AR)

Boa Vista/RR, 09/04/96

TEC. SOLTA A VINHETA DO PREFIXO DA EMISSORA (ZYJ-700 ONDA MÉDIA 590 KILLOHERTZ - FAIXA DE 25 METROS) E (ZYB-810 ONDA TROPICAL 4.875 KILLOHERTZ - FAIXA DE 62 METROS) - RADIODEFUSORA DE rORAIMA - UMA EMISSORA DOGOVERNO DO ESTADO DE RORAIMA- BOA VISTA - RORAIMA - BRASIL.

LOC. - BOA NOITE DEZENOVE HORAS E QUATRO MINUTOS. ESTÁ NO AR “O ELO DE LIGAÇÃO ENTRE A CAPITAL E O INTERIOR” - “O MENSAGEIRO DO AR”. EDIÇÃO DE HOJE DIA NOVE DE ABRIL, TERÇA FEIRA, MIL NOVECENTOS E NOVENTA E SEIS. DIREÇÃO GERAL DE GERALDO FRANÇA, APRESENTAÇÃO DE BENJAMIM MONTEIRO; HOJE PELA MESA DE ÁUDIO, CONTO COM O TRABALHO EFICIENTE DO FUTURO AGRÔNOMO - NOSSO ESTUDANTE UNIVERSITÁRIO: TOINHO - BOA NOITE, E BOM TRABALHO PARA VOCÊ, TOINHO.

LOC. - O SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO - SESC, REALIZA, NESTE SÁBADO, DIA DE ABRIL A PARTIR DAS VINTE HORAS NO GALPÃO CULTURAL UM, O PRIMEIRO FESTIVAL SESC DE REPENTISTAS - VIOLEIROS. CINCO DUPLAS SE APRESENTARÃO CONCORRENDO A PRÊMIOS: GERALDO SILVA E ANTÔNIO SILVINO, SANTOS AZEVEDO E MANUEL CAMPINA, BENTO RAIMUNDO E EDVAN RICARDO, NACÍSO E CAZUZA, MEIA RICARDO E CHICO VELHO. O FESTIVAL CONTA COM A PARTICIPAÇÃO ESPECIAL DOS RENOMADOS REPENTISTAS CEARENSE: GERALDO AMÂNCIO E ANTÔNIO NUNES. a ENTRADA É FRANCA. SESC, CINQÜENTA ANOS DE TRABALHO SOCIAL.

LOC. - DEPARTAMENTO NACIONAL DE PRODUÇÃO MINERAL - DNPM, E O DEPARTAMENTO DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, COMUNICAM AOS SENHORES IMPORTADORES DE ÁGUA MINERAL, QUE ESTEJAM EM SITUAÇÃO IRREGULAR COM AS NORMAS VIGENTES DO PAÍS, LEI SETE MIL OITOCENTOS E QUARENTA E HUM, DE OITO DE AGOSTO, QUE COMPAREÇAM COM URGÊNCIA NA CEDE DO DNPM-RORAIMA, A RUA CORONEL PINTO (241) DUZENTOS E QUARENTA E HUM - CENTRO, PRÉDIO DA “SEPLAN”, PARA REGULARIZAÇÃO JUNTO AO ÓRGÃO. INFORMAMOS QUE O NÃO ATENDIMENTO ÀS NORMAS SUPRACITADAS, IMPLICARÁ EM APREENSÃO E INUTILIZAÇÃO DO PRODUTO.

LOC. - ATENÇÃO PARA O SEU RECADO DE HOJE!

LOC. - ATENÇÃO DONA CLEONICE, EM SANTA MARIA DE NORMANDIA! SEU ESPOSO AVISA QUE SEGUE AMANHÃ, PELA MANHÃ, SAINDO AS NOVE HORAS DEVENDO CHEGAR AI, LÁ PARA O MEIO DIA EM DIANTE. RECADO EXTENSIVO AO SEU IRMÃO RAIMUNDO, NA ILHA SOUZA CRUZ. MANDA AQUELE ABRAÇO.

LOC. - JÂNIO COIMBRA GUERREIRO, NA FAZENDA NOVA ILUSÃO, MAIS CONHECIDO COMO “CALLAFATE”. SUA MÃE HILDA MARIA COIMBRA, AVISA QUE SEU IRMÃO JONAS COIMBRA GUERREIRO, O “JÓIA”, OU MAIS CONHECIDO POR “JÓIA”, FOI ASSASSINADO NO DIA PRIMEIRO DE ABRIL, PELO UM INDIVÍDUO CONHECIDO POR BARÃO. PEDE A QUEM OUVIR RETRANSMITIR AO DESTINATÁRIO.

LOC. - ATENÇÃO ICO E CHICO ANTÔNIO, AI NO PACAMON-REGIÃO DO MAÚ!
MARIANO VIEIRA PEDE AOS MESMOS QUE TOMEM CONTA DA BALSA, POIS GAÚCHO SE ENCONTRA DOENTE. AGRADECE.

LOC. - O VEREADOR RIVALDO AVISA AO MORADORES DO BAIXO TACUTÚ REGIÃO DE NORMANDIA, QUE A OPERAÇÃO DOCUMENTO SE FARÁ PRESENTE NA COMUNIDADE DO MILAGRE NO DIA ONZE DE ABRIL

LOC. - O VEREADOR MUNDOLA AVISA AOS VEREADORES DA VILA UIRAMUTÃ E LOCALIDADES VIZINHAS, QUE A OPERAÇÃO DOCUMENTO SE FARÁ PRESENTE NO DIA VINTE E SEIS DE ABRIL, E EM BREVE, EM OUTRAS LOCALIDADES.

LOC. -ATENÇÃO COMUNIDADE DO JURACÍ!
O SENHO CÍCERO AVISA QUE NÃO CONSEGUIU TRANSPORTE PARA HOJE, PEDE QUE AGUARDE NOVO AVISO.

LOC. - O PRESIDENTE DA COLÔNIA DOS PESCADORES - C-1 DE RORAIMA, NO USO DE SUAS ATRIBUIÇÕES LEGAIS CONVOCA TODOS OS PESCADORES - SÓCIO OU NÃO, PARA UMA REUNIÃO DE ASSEMBLÉIA GERAL E EXTRAORDINÁRIA EM SUA CEDE PRÓPRIA NA AV. FLORIANO PEIXOTO 114 (CENTO E QUATORZE) - CENTRO, PARA TRATAR DE ASSUNTOS DE INTERESSE DA CLASSE, AS 8:30 (OITO HORAS E TRINTA MINUTOS), NO DIA 11 (ONZE) DE ABRIL - QUINTA-FEIRA, COM A PRESENÇA DO SENHOR SUPERINTENDENTE DO IBAMA, EXPONDO INFORMAÇÕES SOBRE A SUSPENSÃO DA PESCA NO ESTADO DE RORAIMA, E CONSCIENTIZAR OS PESCADORES A SE RECADASTRAR NO INSS, PARA PARTICIPAREM DO SEGURO - DESEMPREGO, NO PERÍODO DA PIRACEMA.

LOC. - ATENÇÃO RACILDO E APIAÚ E PRETO!
FAIXA, AVISA QUE SEGUE AMANHÃ A TARDE SEM FALTA. PEDE QUE MANDE O TELEFONE COM TODOS OS FIOS E A BATERIA PARA FAZER CONSERTO. MANDE CENTO E TRINTA E TRÊS QUILOS DE FEIJÃO. ABRAÇOS PARA TODO DAÍ. POR AQUI TÁ TUDO BEM.

LOC. - PIAUÍ, ONDE ESTIVER!
UILANI AVISA QUE RECEBEU SUA ENCOMENDA. PEDE QUER VÁ ATÉ A PISTA BUSCAR A ENCOMENDA, AMANHÃ PELA MANHÃ, OU A TARDE. PEDE TAMBÉM QUE MANDE BUSCÁ-LA ENVIA BEIJOS E AQUELE OUTRO ABRAÇO.

LOC. - ATENÇÃO SÉRGIO!
BERNARDO AVISA QUE AS ENCOMENDAS SEGUEM AMANHÃ A TARDE. EXTENSIVO AO GAÚCHO.

LOC. - DAQUI A POUCO TEM UM SOM ESPECIAL PARA VOCÊ

LOC. - ATENÇÃO CÂNDIDO NO VALE DO SAL!
TOINHO AVISA QUE RECEBEU A ENCOMENDA, E AMANHÃ VAI MANDAR PARA VOCÊ O LANÇAMENTO.

LOC. - PARA O ZÉ DA ONÇA E CABELUDO!
VALDIR AVISA QUE RECEBEU TODAS AS ENCOMENDAS. ENTREGOU TAMBÉM A DA VERA. EM CASA TUDO BEM. ENVIA ABRAÇOS E DESEJA BOA SORTE.

LOC. - SENHOR ERNESTO E SENHORA CECÍLIA NO SÍTIO SÃO SOÃO DEL REY!
SUA FILHA MARIA LEDILZA AVISA QUE A ARANEIDE FOI OPERADA ONTEM E PASSA BEM, PEDE QUE NÃO SE PREOCUPE. ENVIA AQUELE OUTRO ABRAÇO.

LOC. JÚNIOR NO BAIXÃO DOS CORNOS!
INÁCIO PEDE QUE VENHA POIS PRECISA MUITO FALAR COM VOCÊ ATÉ O FINAL DESTA SEMANA. SE NÃO DER PARA VOCÊ VIR MANDE A ENCOMENDA ATÉ O FIM DA SEMANA. ISTO SEM FALTA. O ALDEZITO SÓ ESPERA ATÉ ESTA DATA DIA QUINZE DE ABRIL. POR AQUI ESTÁ TUDO BEM. ESTÃO PREOCUPADOS COM VOCÊ. LEMBRANÇAS DO AMIGO INÁCIO.

LOC. AGORA SÃO DEZENOVE HORAS E DEZ MINUTOS.

LOC. - ATENÇÃO PÁSSARO GRANDE NA VICINAL SANTA RITA!
PASSARINHO PEDE QUE VENHA AMANHÃ NO PRIMEIRO ÔNIBUS PELA PARTE DA MANHÃ. ELE LHE AGUARDA NA RODOVIÁRIA. MANDA AQUELE ABRAÇO.

LOC. - ZÉ MARIA E ADRIANO!
CEARÁ, PEDE QUE VENHA AMANHÃ TRAZER ALGUMA COISA POIS ELE ESTÁ PARADO. O RAPAZ VAI PASSAR A TARDE AI, E PEDE QUE MANDE ALGUMA COISA, PELO MENOS SATISFAÇÃO. RECADO EXTENSIVO AO ADRIANO, PEDE QUE DÊ ALGUMA COISA PARA SUA MULHER. AQUELE ABRAÇO PARA TODOS DAÍ.

LOC. - PARA CLEOMAR NA MORENINHA!
SUA ESPOSA NÉIA, AVISA QUE JÁ GANHOU NENÊ, E É UM LINDO RAPAZ. ELE PEDE QUE VOCÊ VENHA COM URGÊNCIA. E ENVIA BEIJOS E ABRAÇOS, ELA SENTE DE VOCÊ MUITA SAUDADE.

LOC. - DAQUI A POUCO TEM MAIS SOM ESPECIAL PARA VOCÊ

LOC - ATENÇÃO CONSTATINO E IRACY NO ANINGAL!
CLEIDE PEDE QUE MANDE UNS TRÊS RAPAZES AO SEU ENCONTRO NA VILA BRASIL, AVISA AOS ALUNOS DA ESCOLA TRINTA E HUM DE MARÇO, QUE VIAJOU HOJE NO ÔNIBUS, DEVENDO CHEGAR AI AMANHÃ. MANDA ABRAÇOS.

LOC. - ATENÇÃO MARANHÃO NO GARIMPO DO TROMBETA!
ZACARIAS AVISA PARA VOCÊ VIR URGENTE PARA RESOLVER O ALUGUEL DA SUA CASA, PORQUE O CARA DEVE SEIS MESES E SÓ QUER PAGAR PARA VOCÊ.

LOC. - NA CAPITAL RORAIMENSE, DEZENOVE HORAS E DOZE MINUTOS.

LOC. - DUZINHO NA REGIÃO OU ONDE ESTIVER!
SUA MÃE ELZA AZISA QUE RECEBEU A ENCOMENDA E PEDE QUE VENHA EMBORA. TUDO BEM POR AQUI E MANDA MUSICA.

LOC. - ATENÇÃO MATEUS OLIVEIRA DA SILVA. ACAMPA/..ADO. PERDÃO!
- ATENÇÃO MATEUS OLIVEIRA DA SILVA ACOMPANHADO DO GUAGUÁ!
SEU PAI VALDIVINO MATEUS DA SILVA AVISA QUE SE TIVER DINHEIRO, FAVOR MANDAR UM POUCO, QUE TEM GENTE NA FAMÍLIA PRECISANDO. NÃO SE PREOCUPE, AQUI ESTÁ TUDO BEM COM A FAMÍLIA.

LOC. - BOM, VEM AGORA O INTERVALO MUSICAL, DAQUI A POUQUINHO VOLTO COM A SEGUNDA PARTE. ATÉ JÁ, JÁ.

TEC. - SOLTA MUSICA SERTANEJA

OBSERVAÇÃO: A segunda parte do Programa existe para que alguns Recados, pagos para serem divulgados mais de uma vez, possam ser veiculados, na primeira parte, o locutor lê todos, apenas uma vez, sem repeti-los.

TEC. - SOLTA VINHETA DO PROGRAMA.

LOC. - EM BOA VISTA, CAPITAL MAIS SETENTRIONAL DO PAÍS, DEZENOVE HORAS E DEZESSEIS MINUTOS, ESTAMOS DE VOLTA COMA SEGUNDA PARTE DO SEU “MENSAGEIRO DO AR”, QUERO LEMBRAR QUE, DAQUI A POUQUINHO, ÀS DEZENOVE E TRINTA, TEM UM PROGRAMA “RORAIMA RURAL”.

LOC. - O SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO-SESC, REALIZA NESTE SÁBADO...

- O locutor relê os Recados pagos para ser divulgados mais de uma vez.

loc. - bem “o MENSAGEIRO DO AR” FICA POR AQUI. NOVA EDIÇÃO AMANHÃ AS DEZENOVE HORAS. VEM E SEGUIDA O PROGRAMA “RORAIMA RURAL”, LOGO APÓS O “SHOW DA NOITE” COMIGO MESMO. ATÉ JÁ, JÁ.

TEC. - SOLTA MÚSICA SERTANEJA.

Em breves e curtas palavras se dá o fechamento de um dos maiores Programas radiofônicos de toda a história do rádio em Roraima: “O MENSAGEIRO DO AR”






RECADOS TRANSMITIDOS DIARIAMENTE PELO " O MENSAGEIRO DO AR” RESUMO DOSMAIS INTERESSANTES

1) Atenção Gereba, na fazenda Fronteira, Joana avisa que recebeu o doce. Em casa, todos estão bem e aguarde carta e o tabaco. Envia beijos e abraços.

2) Atenção Eva, Mulher de Areia, avisa que recebeu sua carta das mãos do Raimundo e o ouro que foi mandado a primeira e segunda vêz.

3) Atenção Florêncio, no Mutúm, Fininho avisa que o Chico viajou para o. garimpo no dia 20. Avisa ainda que viajará hoje, para Boa Vista, que mais do garimpo é conversa. Diga para o irmão Geraldo que daqui há 10 dias, eu mando aviso.

4) Para Manoel Rapadão, Zilda avisa que recebeu encomenda, por aqui esta tudo bem.

5) Atenção Baixadeiro, Paulo e Tobata, no Trombeta, cabeça sereno, pede que venha para a pista amanha cedo, recebe-lo, pois, ele esta seguindo com este destino. Oferece todas as músicas do Programa.
6) Atenção João Goiano, Brexinha e Antônio, Sabino avisa que chegará por aí na quinta-feira, cedo. Avisa que o Ceará está roçando uma juquira do sogro dele.

7) Atenção Arnóbio Ferreira no sítio Nova Vida, Doca pede que você venha com urgência, pois chegou um mandado de intimação pedindo que se apresente no prazo de 48 horas. Quem ouvir este Recado transmitir ao mesmo. .

8) Atenção Saidy e Carlos, na pista do Olímpio, na região do Trombeta, aguarde na pista quinta-feira, o amigo, ò pé de pano não vai porque está doente de malária. Quem vai é o dente de ferro que vai ficar no lugar do negão. O ouro que eu trouxe não deu para comprar tudo. O elemento da bomba e o bico custou cento e quarenta e cinco cruzeiros reais. Este material está indo pelo cabeça. de sereno. Avisa ainda para o Carlos e Saidy se tudo estiver indo bem continue trabalhando.

9) Atenção Otávio Cosme, no Trombeta, sua esposa pede que Você Venha falar com ela na fonia, sexta-feira, pela manhã. Quem ouvir este Recado avisar ao mesmo. ,

10) Atenção Toinho, Zé do Brejo e Riba, na região do Caroebe, vicinal 5, o Valter em Boa Vista, avisa que vai só na quinta-feira, cedo no caminhão da feira. O Jonas oferece a próxima música a todos.

11) Atenção Tina no garimpo do Trombetas, seu Zé pede que faça um esforço de tirar um barranco, até quarta-feira, que o Gaúcho esta indo na quinta-feira. Vá até a pista e mande pelo Gaúcho, como sem falta e eu estou dependendo deste ouro. Eu vou no vôo do manga larga. Se o Paulão ouvir este Recado avisar os meninos. Pereira pede ao Paulão que mande vinte cinco gramas de ouro, pois, o ouro que ele mandou não dar para fazer o vôo.

12) Atenção Tuxaua Firulino e Maria, na Aldeia da Bala. Tuxaua Raimundo avisa que esta passando, por aí, de manhã. Pede ainda que a vise os homens para que estejam todos prontos para viajar. Enviar forte abraços a todos.

13) Atenção Jabuti, aonde estiver. Catingueira avisa para você aguardar na fazenda Velha, com trinta e cinco volumes de arroz, que ele estará passando aí amanha como sem falta para completar a carga do caminhão.

14) Atenção João Furtado e Zequinha, no Trombeta, seu amigo casquinha avisa que chegou hoje, em Boa Vista. Pede desculpas por não ter passado onde você estão e aguarde novos avisos. Manda um alô aos amigos Marazona, ,sargento Barbosa, Ruimar e todos os amigos ligados no Programa.

15) Atenção Fininho. Raimundo pede prá você mandar 110 gramas de ouro. O que ele trouxe, precisou. Se você não puder mandar manhã, estarei chegando na quinta-feira. Faça a clereira. Avisa ainda que o vôo não vai amanhã. Raimundo avisa para o Doca que mande 50 gramas de ouro, que o sócio (ele está pedindo. Envie o ouro para Boa Vista, o mesmos será vendido e enviaremos o dinheiro para o Marabá, para o Pará vir embora. Amanhã passa um, caminhão e você pode mandar.

16) Atenção Laura, onde estiver. Xororó avisa que só virá para Boa Vista no mês de maio. Oferece as músicas do Programa.

17) Atenção Goiano Torto, Luís e Araçá, pede que você faça o sinal combinado logo cedo. Se você não puder vir., mande alguém.

18) Atenção Besta Fera e Piauí, Bachão do frio, está avisando que o vôo vai amanhã. Peço que um de vocês aguarde na beira do rio, que o vôo será lançado na clareira e no rio. Confira os volumes.

19) Atenção Sucam, Riba e Nabi. 0 Alexandre pede que faça o Sinal combinado. Ele estará passando aí, sexta-feira, sen falta. Pede a compreensão de todos. .

20) Gaúcha avisa para o Gavião choco e Marcha Lenta, que vai amanhã, a tarde. Pede para esperara na clareira e na pista. Avisa ao pessoal do Manga Larga que leve cinco carotes para a pista, no retorno do Gaúcho.

21) AtençãoGoiano dooutro lado, Baú avisa que não é para você colocar Pessoas estranhas com vocês. A única pessoa que podia entrar no negócio “ era o Jonas, mas ele não quis. Deixe como está. Se você quiser vender a sua parte, que mande me avisar que irei até ai. Pede sua compreensão.

22) Atenção Magno, Antonieta, Eulenea, madrugada, Paulo e Buxinho, Clóvis avisa que fez boa viagem e que lhe aguarde, na quinta-feira, cedo.

23) Atenção Lagoas, no garimpo, Denise pede que você) venha falar com ela na fonia, sexta ou sábado, no terceiro horário. Senão der para vir, mande avisar ao Gerson o dia que virá falar comigo e espero que tenha recebido minha carta que mandei pelo o Alzenir.

24) Atenção sócio, no barraco do Porcão. Cláudio pede que você venha a pista. pela manhã, com o ouro da passagem do Negão, que ele vai seguindo no vôo do Açarí.

25) Atenção Pedro Careca. Carrocinha avisa que as encomendas seguem amanhã.

26) Extensivo ao Manoel Cuia. Aguardem no local combinado e mande o motor no retorno.
27) Atenção Fubica. Pedro Careca avisa que o Recado de ontem saiu completamente errado. Pedroca; avisa que recebeu a encomenda que você mandou Por a qui está tudo bem e na próxima viagem irá todas as suas encomendas.

28) Atenção Mato Grosso. Ribas avisa que seguiu hoje. Providencie o cabeçote para trazer quando ele chegar aqui novamente. '

29) Atenção Goiano,Mariposa e Antônio Chico, no Trombeta, prego avisa que estará passando amanhã, cedo. Aguarde no local.

30) Atenção José Venezuelano no garimpo na Serra da Beleza, Aloizo manda avisar para você, que cuide das máquina e não deixe ninguém roubar nada. em breve estarei voltando.

31) Atenção Di Ouro e Fernando Collor de Mello, no garimpo .do Tepequém. Jonas em Boa Vista, avisa que está tudo bem e pede para aguardar no local combinado.

Atenção Formigão, no rio Amajarí, vaqueiro pede para você encontrar a balsa e subir a vuadeira na terça-feira, para pegar a mercadoria Tepequem.
[1] - RAMOS, Ricardo.História da Propagando no Brasil. São Paulo, USP, 1972, citado in. Rádio e Cultura no Brasil n° 8 ano IV Dezembro de 1985 - Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares de Comunicação, Pag. 58.
[2] - SANTOS, Maria Salett Tauk- Mestre em Comunicação Rural pela UFRPE-In. Rádio do Brasil: O Discurso da Modernização sem Mudança, citado in: rádio e cultura no brasil n° 8, Pag. 59 em “Rádio e Ideologia”.
[3] - DEL BIANCO, Nélia Rodrigues - Mestre em Comunicação pela Universidade de Brasília e Professora do Departemento de Comunicação Social da Universidade Federal de Goiania- in: FM do Brasil 1970 - 1979: Crescimento Incentivado pelo Regime Militar, Pag 142. “Comunicação & Sociedade - Ano XII, n° 20”.
[4] -Pag. 147.Livro: Comunicação & Sociedade. Ano XII - N° 20 - Instituto Metodista de Ensino Superior São Paulo - dez. 93.
DEL BIANCO, Nélia Rodrigues, FM no Brasil 1970-79 Crescimento Incentivado pelo Regime Militar.
[5] - Pag. 144 “As Rádios estrangeiras que transmitiam em português para o brasil de 1971 a 1976 , pertenciam aos seguintes países; Albânia, Alemanha Oriental, Alemanha Ocidental, Argentina, Bélgica, Tcheco-Eslováquia,china, Egito, Equador, Cuba, EUA, França, Holanda, Inglaterra, Itália, Japão, Portugal, Romênia, Suíça, União Soviética, Vaticano, E Rádio da ONU,conforme menciona o Jornal do Brasil de 11/ 07/ 76.”

[6] - LIMA, Zita de Andrade, in: Dissertação de Mestrado 1967, Universidade de Brasaília - “Condições de um Novo Rádio Jornalismo”, Pag 3.
[7] - LIMA, Zita de Andrade, in: Dissertação de Mestrado 1967, Universidade de Brasaília - “Condições de um Novo Rádio Jornalismo”, Pag 3.

[8] - SANTOS, Maria Salett Tauk, “Rádio e Desenvolvimento”,Cit. In. Rádio no Brasil: O Discurso da Modernização sem Mudança. Pag. 59.
[9] - PINHO, J.B, In: O Rádio Brasileiro dos Anos 90 e o Estatuto do Fonograma Publicitário, Citado em Comunicação e Sociedade, pag. 25 - Revista Semestral de Estudos de Comunicação. Ano X - n° 18 - Dezembro de 1991.
[10] - FONSECA, Luiz- Ex-Assessor do Instituto Interamericano de Ciências Agrícolas na Organização dos Estados Americanos - OEA, In: Dissertação de Mestrado, por Zita de Andrade Lima.
[11] - MARINHO, José Roberto - Diretor Do Sistema Globo de Rádio, Em Referência à Pag. 30, In: Comunicação & Sociedade. Ano X n° 18 , Dez . 1991.
[12] - Prochart, Maria Elisa .Manual de Radio jornalismo (Jovem Pan) ed. brasiliense 1986, P-85.
[13] - Gagne, Robert M. “The Conditions of Learning”. Citado por O’Sullivan-Ryan, cit. Mário Kaplun, p. 49.
[14] - Bordanave, Ruan E. Diaz. “O que é comunicação Rural”, p61- Brasileirense, 1989.

[15] - Lage, Nilson. “Linguagem Jornalística” 2 ed. Editora Ática ,, Princípios p-05 e 23
[16] - ORTRIWANO, Gisela Swetlana. “Informação no Rádio”: Os grupos do poder a a Determiniação dos Conteudos. 2 ed.São Paulo, summUs, 1935